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Tecnologia 22/02/2017

em Tecnologia
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
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Revendo e desmistificando o Compliance

Tenho visto muitos artigos e posições de profissionais sobre a atividade de “compliance”, sendo que algumas, a meu ver, são posições equivocadas. Estão tentando dar uma conotação muito maior do que o termo realmente é

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Eduardo Person Pardini (*)

Primeiro precisamos entender que “compliance” é uma atitude, que todos dentro de uma empresa devem ter quanto ao comprometimento ao atendimento das regras que regem a operação, seja interna ou externa.
“Compliance” não é uma atividade ou um departamento, também não é algo novo dentro do mundo corporativo, engana-se quem assim pensa.
Posso garantir que pelo menos desde o ano de 1980, quando iniciei minha vida profissional como auditor externo, já tratávamos de avaliar a conformidade das operações com suas políticas e procedimentos ou quanto às leis e regulamentos. A estrutura do COSO Controles internos, lançada em 1982, já definia “compliance” como sendo um dos objetivos do sistema de controle interno corporativo, ou seja: não existe nada de novo.
Claro que o tema recebeu um novo impulso na promulgação da Lei Anticorrupção, em 2013, e de outras leis e regulamentos que vieram, seja para o setor privado ou público, relacionadas à melhoria dos processos de governança.
Atualmente a diferença é que, ao que parece, os gestores estão dando um pouco mais de valor para “compliance”, não sei se por medo ou por “modismo”.
A grande verdade é que as corporações e/ou seus gestores, nunca deram a devida importância aos temas referentes ao gerenciamento de riscos ou a gestão do sistema de controles internos e, muito menos, para a auditoria interna. Alguns achavam que era burocracia, perda de tempo, atividades sem valia.
Como todos os outros fundamentos de governança, “compliance” deve fazer parte da cultura da empresa. Os gestores devem estar cientes de suas responsabilidades e que eles, como os “donos” do processo, têm a responsabilidade de identificação, avaliação e tratamento dos riscos envolvidos com os segmentos operacionais e/ou de negócios que são responsáveis e que isso não pode ser delegado.
Apesar de tudo, mesmo com os equívocos que tenho observado sobre o tema, vejo com bons olhos toda esta movimentação e discussões. Elas devem, pelo menos, fazer com que os tomadores de decisão comecem a olhar para o assunto de uma forma mais efetiva.
Uma preocupação que deve existir é na criação de organismos responsáveis por “compliance” nas corporações. Isto pode elevar o custo organizacional, sem que exista efetivamente retorno.
Minha sugestão para as empresas é que é sempre preferível reforçar os mecanismos de “compliance” já existentes nas empresas, em vez de criar outros.
Vejamos quais os cuidados que a empresa deve ter:
1. Criar cultura de “compliance” através de programas de capacitação e sensibilização, em todos os níveis, principalmente nos níveis de alta e média gestão;
2. Determinar, através da descrição de cargos, a responsabilidade por “compliance” de cada gestor, incluindo como uma medida de desempenho para salário variável;
3. O setor jurídico deve ser responsável pelo monitoramento das Leis, normas e regulamentos que impactam a organização, seja no âmbito da União, Estado, Município ou órgão regulador;
4. O setor jurídico também deve ser responsável por instruir os diversos gestores sobre as alterações legais e seu impacto na operação das quais são responsáveis;
5. O departamento de controles internos deve apoiar os gestores na modelagem das atividades de transação do processo, na identificação de riscos (incluindo o risco de não conformidade) e implantar controle interno para mitigar e monitorar este risco;
6. O departamento de auditoria interna, por sua vez, deve realizar uma avaliação independente da gestão de riscos e dos controles internos do processo objeto da avaliação, recomendando melhorias sempre que se deparar com uma vulnerabilidade.

Como podem notar, de uma forma simples e utilizando a estrutura existente, definimos um processo de “compliance” que apoiara todos os fundamentos de governança.
É verdade que, em algumas ocasiões, as empresas que atuam em setor altamente regulamentado, precisarão reforçar sua equipe, adicionando analistas de conformidade para verificar se todos os requisitos do órgão regulamentador foram atendidos. Estes analistas podem fazer parte do setor jurídico ou do setor de controles internos.
Sempre gosto de salientar que a busca pela simplicidade na empresa deve ser uma atividade convergente, pois tem o poder de permitir que sejam encontradas formas de fazer melhor e mais barato o que esta sendo feito hoje.
Sejam felizes!

(*) É sócio principal, responsável pelos projetos de governança, gestão de riscos, controles internos e auditoria interna da Crossover Consulting & Auditing. É diretor executivo do Internal Control institute – chapter Brasil, palestrante e instrutor do IIA Brasil.

Você já se imaginou sendo o seu próprio chefe?

Coworking temproario

No futuro todos os trabalhadores serão seus próprios chefes. Ou ao menos a grande maioria será. É o que sinaliza a evolução de um novo modelo que dá independência ao trabalhador, conhecido como Gig Economy, Freelancer Economy ou também chamado de Economia Autônoma.
Neste novo modelo as pessoas podem trabalhar quanto, quando e de onde quiserem. Ao invés de vínculo empregatício, as relações de trabalho passam a ser temporárias e definidas para a execução de projetos e tarefas específicas. Não há mais horário a cumprir e nem mesmo a necessidade de ir à empresa. O trabalhador é quem decide. Em alguns casos, não há nem mesmo uma relação de trabalho, mas sim disponibilização de uma plataforma que conecta o trabalhador ou prestador de serviço, a empresa ou diretamente ao cliente final.
Há inúmeras plataformas digitais no mundo criando oportunidades para as pessoas trabalharem por conta própria, conquistar clientes e desenvolver projetos. Plataformas como a Workana ou Freelancer, por exemplo, geram oportunidades para profissionais de tecnologia, marketing, design, entre outros, se conectarem as empresas que precisam do seu serviço. Outras plataformas, como a TaskRabbit ou a brasileira Get Ninjas, permitem que as pessoas ofereçam seus serviços de assistência técnica, aulas diversas, consultoria, serviços em geral, entre outros, a qualquer um que esteja buscando. Há também plataformas como o Cabify ou o DogHero, que dão a oportunidade para qualquer um ser motorista particular ou um anfitrião de cachorros, cujo os donos precisam de alguém para cuidar de seus bichinhos por uns dias.
Estas plataformas inovam conectando pessoas e criando oportunidades de troca entre quem oferece e quem procura, sendo que o mais valioso é a reputação na rede e avaliação pública dos serviços prestados. Para quem tem uma boa nota, não vai faltar trabalho. Isso é ótimo também para a sociedade, pois contribui para elevar o nível geral dos serviços prestados.
Com os novos modelos vêm a mudança e com ela a resistência. Alguns podem não se encaixar nos padrões regulamentados atuais, gerando o debate entre o reconhecimento do inusitado ou a tentativa de encaixar no tradicional. Como no caso do Uber, por exemplo, quando no último dia 15 de fevereiro, foi divulgada a notícia que um juiz de Belo Horizonte interpretou como vínculo empregatício a relação entre o motorista e a plataforma, gerando massivas críticas e diferentes opiniões na sociedade.
Desta economia sob demanda, também fazem parte as empresas que têm contribuído contratando cada vez mais profissionais para projetos temporários. No final de 2016, o McKinsey Global Institute, uma consultoria empresarial dos Estados Unidos, divulgou uma pesquisa constatando que aproximadamente uma em cada quatro pessoas que trabalham na Europa ou Estados Unidos, estão envolvidas com trabalho independente. Outros estudos preveem que em 2020, provavelmente um a cada três trabalhadores americanos serão independentes. O emprego de carreira tende a ser cada vez menos comum.
Muitas pessoas preferem ser independentes, pois têm mais flexibilidade e são donas do seu tempo. Ao mesmo tempo, é interessante para as empresas, pois já se provou mais eficiente contratar profissionais específicos para alguns trabalhos do que manter times de pessoas que as vezes tendem a se acomodar. Hoje, acredito que as escolhas dos profissionais são feitas cada vez mais pela reputação e o portfólio de projetos desenvolvidos, do que somente pelo diploma.
Em 2016, durante sua campanha presidencial, Hillary Clinton disse em um discurso: “A economia sob demanda, ou a chamada economia gig, está criando muitas oportunidades para as pessoas e destravando a inovação. Mas ela também está levantando difíceis questões sobre relações trabalhistas e sobre o que será considerado um emprego no futuro”.
Novas relações, formas de contratar e de trabalhar. Uma mudança grande está acontecendo e pressionando o mundo a se adequar. A economia sob demanda vem demonstrando aumentar as oportunidades no mercado enquanto equilibra relações ao satisfazer tanto o trabalhador quanto o tomador de serviço. Quando a relação é ganha-ganha, a tendência é aumentar o número de adeptos.
E você, já se imaginou sendo o seu próprio chefe?

(Fonte: Jorge Pacheco, CEO e fundador da Plug, pioneira na cultura de coworkings no Brasil e que atualmente possui mais de 600 posições divididas em cinco unidades, sendo quatro em São Paulo, na região de Pinheiros, Brooklin e em breve no Ibirapuera, e uma em Cambridge nos Estados Unidos – além de administrar grandes espaços como o CUBO, em São Paulo).

Os principais obstáculos da transformação digital no Brasil

Marcelo Maldi (*)

Quem acompanha a imprensa de tecnologia certamente sabe que o “mantra” da década é a transformação digital

Muito presente nas manchetes dos principais sites que cobrem o segmento, esse termo remete desde a necessidade de virtualização de dados e processos até novos serviços e meios de interação com o consumidor – que elenca cada vez mais a experiência com a marca ao mesmo patamar da qualidade do produto.
Nesse cenário, as empresas que não entregam agilidade e negligenciam investimentos na interação com seus clientes certamente ficarão para trás. Mais do que isso: quem não começou a trilhar esse caminho de transição, já está bem atrasado. O preocupante nesse sentido é que, mesmo com todo alarde da imprensa e dos analistas de tecnologia, boa parte do empresariado brasileiro parece desconhecer a real prioridade dessa transformação.
Antes de abordar as questões “filosóficas” do mercado nacional, é importante ser justo e destacar a carência de infraestrutura adequada que enfrentamos no Brasil. Um exemplo é a baixa qualidade da internet móvel ofertada aqui. Num relatório apresentado em 2016 pela OpenSignal, instituto internacional especializado em propor insights e analisar a performance das operações mobile do mundo todo, nosso país surge como 57º no ranking global de desempenho do 3G/4G.
Segundo o estudo, a velocidade média do serviço entregue pelas operadoras brasileiras é de 7,43 mbps (megabites por segundo) – muito longe dos números apresentados pelo país que encabeça a lista – Coreia do Sul (41,34 mbps) – e de países referência, como Estados Unidos (12,34 mbps), Reino Unido (13,70 mbps) e Japão (21,25 mbps). Sem contar a questão de disponibilidade: de acordo com o estudo, a cada quatro tentativas de conexão, em pelo menos uma os brasileiros só conseguiram acessar redes 2G – na qual a velocidade máxima de download fica em 300 Kbps. Essa realidade é certamente um entrave para investir em tecnologias como o pagamento via celular, internet das coisas (IoT) e realidade aumentada.
Salvo as dificuldades de acesso a inovação e desenvolvimento tecnológico das empresas nacionais, essa situação é reflexo direto do principal obstáculo para a transformação digital no Brasil: a morosidade do empresariado em abraçar essa tendência. Isso porque aqui o modus operandi é o foco primário em “apagar incêndios” e delegar os investimentos a médio e longo prazos a uma segunda (até terceira) prioridade.
Obviamente que há companhias rumando para fora desse círculo vicioso, destacando-se inclusive pela inovação de processos e atendimento aos clientes. Contudo, para garantir um nível de competitividade justo com o resto do mundo, é preciso uma mudança de mentalidade urgente e em massa. Não apenas das indústrias de transformação e serviços, mas também dos investidores privados e públicos. Aliás, a quebra desse paradigma depende muito das próprias empresas de tecnologia, que precisam adotar uma postura de educadoras e evangelistas da transformação digital. A Gigamon, por exemplo, por entender a importância da visibilidade de rede dentro desse processo, propõe diversas iniciativas junto ao setor visando apontar os melhores caminhos para uma transição sustentável a esse novo modelo de negócio.
É preciso ter em mente que esse movimento de digitalização não é apontado como a quarta revolução industrial à toa. E as famosas empresas disruptivas provam isso sempre que têm chance, descobrindo e impondo novas regras à diversos mercados. Abraçar esse movimento deixou de ser somente uma aposta. É uma questão de extrema necessidade­.

(*) É country manager da Gigamon.