Cinco entraves para ingressar no universo digitalA adoção de tecnologias disruptivas está mudando o comportamento das pessoas e a maneira de se fazer negócios Charles Hagler (*) Novas tecnologias como internet das coisas, inteligência artificial, aplicativos móveis e big data, por exemplo, tem o potencial de transformar profundamente o ambiente competitivo das empresas nos mais diversos segmentos. Porém, a maior parte das organizações ainda não adotou nenhuma dessas inovações para aprimorar os seus processos e garantir maior competitividade. Isso porque não é uma questão de simplesmente implementar novas tecnologias. É preciso repensar os processos, no limite do negócio como um todo, para conquistar os reais benefícios da transformação digital. Diante das dificuldades das organizações ingressarem nesse universo, preparamos uma lista, baseada na ampla experiência da TOTVS neste contexto, com os cinco principais entraves para minimizar as armadilhas do processo de transformação. 1. Avaliação dos processos: atualmente, qualquer processo pode ser transformado utilizando tecnologias digitais. Por transformação, estamos nos referindo a repensar o processo na sua essência. Implantar um workflow em dispositivos móveis, por exemplo, não é transformar o processo, é apenas torná-lo mobile. Haverá uma evolução, é claro, porém o resultado pode ficar muito aquém do potencial de se repensar o processo considerando todo o seu ciclo de vida dentro e fora da organização. No entanto, é inviável atacar todas as oportunidades ao mesmo tempo. É fundamental priorizar. Diante dessa afirmação, a maioria das empresas tem dificuldade de mapear quais processos devem ser repensados primeiro. Para tomar essa decisão, é importante cruzar a importância dos processos nos resultados da empresa com a profundidade do impacto das novas tecnologias neles. Em seguida, considerar o esforço de implantação de cada transformação e o cenário competitivo do segmento. Isso permite a criação de um ranking de prioridades dos processos a serem transformados. Só assim será possível tomar uma decisão assertiva e avançar mais um passo em direção à transformação. 2. Poluição tecnológica: a segunda armadilha é a infinidade de tecnologias disruptivas existentes hoje. Em um estudo recente, identificamos mais de 50 com potencial disruptivo. Será que todas elas fazem sentido para os negócios? A maioria dos executivos se perde no excesso de opções. Não tem conhecimento das tecnologias existentes, assim como a real aplicabilidade delas. Muitos acabam utilizando-as conforme o apetite comercial de seus fornecedores e adotam aquelas que são oferecidas ao seu time de TI ou sugeridos pelas áreas clientes. A decisão deve levar em conta quais tecnologias possuem maior aplicabilidade aos processos priorizados para possibilitar, de fato, um salto de qualidade e competitividade. Outro ponto a considerar é a confiabilidade e o custo dos fornecedores disponíveis no Brasil. 3. Aplicação limitada ao uso de uma tecnologia: mesmo após avaliar e definir os processos de maior impacto no negócio e qual tecnologia disruptiva implementar, as empresas acabam, muitas vezes, focando apenas na simples aquisição e implementação, sem dar a devida atenção à transformação digital relacionada. Isto é, as organizações replicam uma solução genérica de mercado sem contemplar todo o potencial de transformação existente nos seus processos, deixando de gerar a plenitude dos benefícios esperados. Para aproveitar ao máximo o potencial dessas tecnologias, é importante utilizar a metodologia de design thinking, que estimula a inovação e combina diversas ferramentas para a total reconstrução do processo e do modelo de negócio. 4. Dificuldade de atrair talentos: outro fator que deve ser levado em consideração ao adotar tecnologias disruptivas na sua organização é o novo perfil do profissional de TI. A maior parte das companhias tem a falsa impressão de que a equipe de tecnologia atual conseguirá implementar o projeto de transformação, mas isso, na verdade, não se concretiza, justamente por esse time estar acostumado com o mundo tradicional. As empresas precisam reestruturar a área de TI para que seja possível atender à essa nova demanda, sem deixar de atuar também nas soluções tradicionais já implementadas. Esse conceito é conhecido como TI Bimodal. Para montar equipes digitais, as empresas passarão ainda por um difícil processo de atração de talentos, já que esse perfil de profissional procura companhias que têm características desse mundo digital. Uma alternativa é utilizar parceiros que fornecem serviços com mão de obra da era digital. 5. Experiência do usuário: muitas empresas ainda subestimam a importância da experiência do usuário na construção da solução. Conhecer os impactos que a tecnologia escolhida trará ao relacionamento e, principalmente, à usabilidade do usuário – seja ele funcionário ou cliente – é fundamental para maximizar a aceitação e possível viralização da inovação. Muitas organizações ainda não conseguiram absorver em suas culturas a importância de se trabalhar próximo, não apenas aos usuários finais, mas também aos principais envolvidos desde a fase da concepção do projeto até a sua finalização. Desta forma, além de pensar nas melhorias que devem ser implementadas no produto, é possível construir desde o início com o usuário, aumentando assim, o índice de aceitação e, consequentemente, o retorno do investimento. Essas novas tecnologias impactarão todos os segmentos de mercado, sendo que alguns deles sentirão essas mudanças mais rapidamente. Um estudo da Standard & Poor’s estima que em 2020 as 500 maiores empresas serão compostas em 75% por organizações que ainda nem ouvimos falar. Isso comprova que estamos no início de uma profunda transformação digital organizacional. Por isso, repensar o negócio e superar esses entraves é fundamental para se adequar ao novo momento. Embora a corrida para ingressar no universo digital seja intensa, as empresas precisam ter em mente que a adoção de novas tecnologias, como mobile, inteligência artificial, cloud, redes sociais, analytics, entre outras, é apenas um impulsionador de melhorias. É necessário, antes de adotá-las, repensar todo o negócio e os seus processos, com foco na experiência do usuário. Só assim será possível se manter competitivo nessa trajetória de mudanças. (*) É o diretor da TOTVS Consulting responsável pela área de Transformação Digital. Engenheiro formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), atua na consultoria desde 2008, coordenando projetos de planejamento, Fusões e Aquisições e implantação de Centros de Serviços Compartilhados (CSCs). Recentemente, assumiu a área de Transformação Digital. Antes de ingressar na TOTVS Consulting, trabalhou por seis anos na Accenture. | Profissional em mutação: o papel do chefe de dadosO acesso mais amplo às tecnologias da informação, os avanços sistêmicos, as empresas e os consumidores ávidos por inovação, assim como a crise econômica que afeta negócios no País todo e põe à prova modelos tradicionais de gestão são apenas alguns dos motivos que estão propiciando uma revolução em curso para o futuro da indústria. Essa mudança traz novas oportunidades para o mercado, tanto na educação quanto na geração de empregos altamente qualificados, além do ganho de rentabilidade para as organizações que souberem aproveitar este cenário. (Fonte: Eduardo Borba é presidente da Sonda IT, Transmissões automotivas: realidade e futuroMauro Moraes de Souza (*) Um dos maiores desafios da indústria da mobilidade atual é oferecer veículos integrados às necessidades de preservação do meio ambiente e dos recursos finitos de produção Nunca se falou tanto, como nesta última década, em eficiência energética e na consequente necessidade de soluções leves e eficientes para os veículos. O Brasil busca nos últimos anos responder a esses imperativos, aliando-os às necessidades internas de crescimento econômico, ao lançar programas como o Inovar-Auto para promover mudança radical no panorama da mobilidade. No entanto, todo o esforço dispendido e o desenvolvimento alcançado têm sido prejudicados face ao atual momento de crise econômica do País. (*) É diretor regional da Seção Campinas da SAE BRASIL. |
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