Data centers de grandes companhias de tecnologia consomem muita energia, e as principais empresas do mundo têm divulgado políticas para zerar emissões de carbono, diz CEO da Asper.
Com o aprofundamento da importância das medidas ESG – na sigla em inglês environmental, social and governance – em todos os campos de negócio, o setor de tecnologia também recebe questionamentos sobre a sustentabilidade. Entre as principais métricas a que se recorre está a pegada de carbono dos negócios de tecnologia da informação. Mas onde o setor se encontra nesse requisito?
Uma pesquisa de 2021 realizada pela Capgemini, uma consultoria e fornecedora de tecnologia multinacional, aponta que, entre mil organizações entrevistadas, apenas 43% dos executivos tinham consciência da pegada de carbono da área de TI da empresa. E, enquanto metade das companhias respondentes tinham um plano geral de sustentabilidade, apenas 18% declararam ter um plano de fato abrangente, com metas bem definidas, e prazos.
Metade delas não possuem ferramentas para encontrar soluções efetivas para o segmento de TI, e 53% não têm expertise para implementá-las. Para se ter uma ideia, em 2019 foram geradas 53,5 milhões de toneladas de e-waste, lixo eletrônico. É um aumento de 21% em cinco anos.
“Responsabilidades ligadas a políticas de ESG têm sido debatidas e implementadas por empresas há algum tempo – comenta o CEO da Asper, Arthur Gonçalves – e no mercado de tecnologia, a história não tem sido diferente, ainda que, para muitos, esse setor pareça estar imune a esse tipo de preocupação. Afinal de contas, trabalhamos no ambiente digital, e entre chips, linhas de programação, conexões com a internet e ondas de 4G e 5G não há preocupações como emissão de gases do efeito estufa, ou descarte de lixo, certo? Muito pelo contrário”.
O que podemos tirar desses números é que, se por um lado muita gente concorda que é importante agir para que o mercado de tecnologia seja sustentável, poucos estão tomando atitudes práticas, e menos gente ainda sabe por onde começar. Mas afinal de contas, como é possível tornar o universo da TI mais sustentável?
De acordo com a Asper, em primeiro lugar, é importante compreender que a TI sustentável é um termo bastante abrangente. Design, uso e descarte de hardware entram nesse universo, mas também o gerenciamento de infraestrutura e até a arquitetura dos softwares – a maneira como os programas são construídos influi na quantidade de energia que demandam das máquinas onde estão instalados. Toda a cadeia de valor deve ser analisada, e até mesmo as atividades de mineração de onde são obtidos metais raros, utilizados na produção de processadores, entram na conta.
“É importante lembrar que, quando falamos de consumo de energia, por exemplo, é necessário ir muito além do uso caseiro, ou em escritórios convencionais. Data centers de grandes companhias de tecnologia consomem muita energia, e as principais empresas do mundo têm divulgado políticas para zerar emissões de carbono. Em 2019, a Amazon, por exemplo, foi uma das corporações a fundar o Climate Pledge, comprometido de chegar ao objetivo de zero carbono até 2040, convidando outras companhias a participarem do pacto”, diz Gonçalves.
No entanto, existem iniciativas para negócios de todos os tamanhos que podem fazer diferença – e atrair parceiros, investidores e clientes comprometidos com essa mudança. “Não é segredo para ninguém que as companhias de tecnologia serão cada vez mais cobradas para liderar essa transformação não apenas digital, mas sustentável, na economia do Brasil e do mundo. Acredito que, sem sombra de dúvidas, estamos caminhando a passos largos para essa era, na qual quem se mostra conectado aos valores da sustentabilidade ganhará mais clientes, investidores, oportunidades e um futuro melhor”, completa o executivo.
Algumas das sugestões apontadas pela Asper são:
Recursos de desligamento automático – permitem economia de custos e redução da pegada de carbono, por exemplo. Com a computação em nuvem, acontece a mesma coisa, já que toda uma infraestrutura deixa de ser utilizada em diversos locais para que todas as informações sejam armazenadas em data centers.
No caso dos softwares e outros aplicativos – as companhias têm ferramentas cada vez mais eficientes para mapear quais programas consomem mais energia e processamento de maneira desnecessária. Essa alternativa torna o uso de programas mais inteligente e racional.