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Os celulares ficarão sob a pele

em Tecnologia
terça-feira, 14 de março de 2023

“A próxima geração usará telefones instalados sob a pele da orelha”. É a previsão de Martin Cooper, o engenheiro que desenvolveu o Motorola DynaTac, o primeiro celular da história.

Vivaldo José Breternitz (*)

Cooper, agora com 94 anos, esteve em Barcelona durante a edição de 2023 do Mobile World Congress, para receber um prémio pelo conjunto de sua obra. Isso aconteceu por ocasião do 50º aniversário da primeira chamada feita a partir de um celular, que aconteceu em 1973 em Nova York.

Em Barcelona, ​​Cooper revelou uma certa insatisfação com a evolução do seu invento. Em particular, explicou ele, os smartphones se tornaram dispositivos excessivamente complexos que não se adaptam, em termos ergonômicos, à curvatura do rosto humano: “Cada vez que uso o celular e não estou usando fone de ouvido – disse Cooper – tenho que manter um objeto plano (o celular) apoiado em meu rosto, arredondado, e manter minha mão levantada em uma posição estranha”. É por isso que, segundo ele, a próxima evolução da tecnologia móvel deve se voltar para uma maior integração com o corpo humano.

“A forma dos telefones de hoje não é a ideal”, disse ele, acrescentando que na sua visão os smartphones do futuro serão uma série de chips distribuídos pelo corpo, talvez equipados com sensores para manter sempre sob controle os parâmetros vitais; disse também que “deixaremos de ter o incômodo carregar os aparelhos, pois nosso corpo é um carregador perfeito. Quando comemos criamos energia, certo? Então porque não ter um telefone na orelha, recarregado diretamente pelo nosso corpo?”.

A ideia de um dispositivo de comunicação implantado diretamente na cabeça ou no corpo foi explorada muitas vezes pela ficção científica. É frequentemente associada a visões diatópicas de um futuro onde todos são permanentemente rastreáveis ​​e onde a privacidade não existe mais.

A previsão de Cooper é particularmente interessante face à preocupação que o engenheiro manifestou sobre este aspecto, dizendo que privacidade é um problema muito grave, mas que embora de difícil solução, será superado.

Cooper é otimista e acredita que a tecnologia ainda tem muito a oferecer, principalmente na área de saúde, e complementou dizendo que tem uma fé inabalável na humanidade, mantida pelo fato de olhar para a história e constatar que a tecnologia contribuiu muito para o progresso.

Afirmou também que o homem sempre conseguiu encontrar o equilíbrio. de uma forma ou de outra e que hoje estamos vivendo mais e somos mais ricos e saudáveis ​​do que no passado; temos altos e baixos, mas em geral a humanidade está progredindo.

Em tempos difíceis, é confortador saber que um gênio como esse permanece otimista. Por outro lado, os vaidosos terão dificuldades em exibir seus iPhones topo de linha…

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.