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Ministro e lideranças científicas participam do lançamento internacional do projeto Biomas Tropicais

em Tecnologia
sexta-feira, 07 de maio de 2021

Presidente do Instituto do Fórum do Futuro, Alysson Paolinelli.

Evento online também serviu para o anúncio do seminário “Os Desafios da Ciência em Novo Pacto Global do Alimento – Como transitar de uma economia industrial para uma Bioeconomia Tropical do Conhecimento?”

O Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações do Governo Federal, Marcos Pontes, participou de uma entrevista coletiva online, no último dia 04, para o lançamento internacional do Projeto Biomas Tropicais e do anúncio do seminário internacional “Os Desafios da Ciência em Novo Pacto Global do Alimento – Como transitar de uma economia industrial para uma Bioeconomia Tropical do Conhecimento?”, a ser realizado nos dias 15 e 16 de junho.

O Projeto Biomas Tropicais, concebido pelo Instituto Fórum do Futuro, tem como objetivo aprofundar o conhecimento dos biomas brasileiros, com base em avaliação científica, para em seguida apontar soluções de projetos de desenvolvimento na perspectiva da Bioeconomia Tropical Sustentável. O seminário internacional vai debater os principais avanços alcançados pela ciência e as tendências que nos conduzem de hoje ao cenário econômico, social e ambiental de 2040, com o objetivo de atender ao mesmo tempo as agendas de combate à fome, de melhoria da qualidade dos alimentos, do enfrentamento ao aquecimento global, e da promoção da inclusão social e tecnológica dos povos tropicais.

O ministro Pontes destacou que a aplicação das ciências e tecnologias às inovações não trazem resultados imediatos, mas eles aparecem e são certos. “Em todos os países que hoje são desenvolvidos investiram, e muito, em ciência e tecnologia e inovações ao longo do tempo de forma estável e confiante. Ajustando as infraestruturas dentro do país”, defendeu.

O presidente do Fórum do Futuro, Professor Alysson Paolinelli, colocou que as ciências tropicais dispõem de tecnologias que oferecem uma base segura de desenvolvimento sustentável para as nações mais necessitadas de alimentos, renda e empregos. “É indispensável reunir as forças da ciência e as agências internacionais de fomento e debater uma estratégia capaz de fazer face à realidade desse mundo pós-pandemia”, reforçou.

O presidente do CNPq, Evaldo Vilela, alertou que o desempenho das instituições e dos pesquisadores envolvidos nessas áreas dependerá diretamente da qualidade de vida, a superação da fome, o bem estar e especialmente o grau de sustentabilidade com o qual continuará produzindo o que é essencial para a vida. “Preservando, certamente, os recursos naturais para as gerações futuras”, frisou.

O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, trouxe um exemplo de investimento no Brasil para que a agricultura crescesse de forma exponencial. “Na área de grãos, desde os anos de 1990 até hoje a área plantada com grãos no país cresceu 81% e a produção 376%, quase cinco vezes mais do que era plantado. Essa característica no agro brasileiro que tem a ver principalmente com a segurança alimentar dos brasileiros é replicável na área tropical de todo o planeta”, comentou.

O presidente do SEBRAE, Carlos Melles,alertou a importância da sustentabilidade no desenvolvimento exploratório. “Sejam no que falamos aqui na agricultura, na produção agrícola, nos encadeamentos produtivos, a palavra de sustentabilidade econômica social e ambiental estarão presentes”, defendeu.

Celso Moretti, presidente da EMBRAPA, expôs que a entidade atuará com o mesmo empenho dos últimos 50 anos, engajada na tarefa de empreender mais um grande salto na oferta mundial de alimentos: a bioeconomia tropical sustentável. “Hoje, além de configurar o saber em ambiente de inovação é indispensável construir as pontes que irão superar as distâncias existentes entre as tecnologias sustentáveis já disponíveis e as empresas, os produtores e os diversos atores que operam a bioeconomia tropical”, adiantou.

Com o objetivo de mostrar como é possível dobrar a produção de alimentos no Brasil sem derrubar uma árvore, o diretor-geral da ESALQ, Durval Dourado, contou que existem perto de 180 milhões de hectares de terras no Brasil hoje utilizadas por uma pecuária extrativista, intensiva em missão de gases do efeito estufa e de baixa produtividade. “Em contrapartida já implantamos cerda de 120 milhões de hectares com a tecnologia altamente sustentável que concentra em um mesmo espaço de terra a produção integrada de grãos”, comentou.

De acordo com o diretor, a tecnologia integrada aumenta várias vezes a produtividade usando inconseqüência, menos terra, menos recursos naturais.

O professor Associado III da Universidade Federal de Lavras, João Chrysostomo, revelou que uma das maiores contribuições para o Brasil e o mundo foi na participação ativa nos genes da agricultura do serrado na década de 1970. O trabalho identificou que era possível a produção de alimentos no serrado, desde que fossem feitas as correções adequadas no solo. “Mas hoje vamos focar nossa contribuição nas áreas de solos e de descarbonização. Conservar o solo com sua biodiversidade é assegurar o capital natural para as futuras gerações”, colocou.

Evandro Neiva, professor da Universidade Aberta do Agro e a Inclusão Socioeconômica dos Jovens dos Povos Tropicais, sugeriu a criação de uma universidade aberta do agro e também a maior floresta plantada do mundo. “E entendemos que esses dois assuntos se entrelaçam num projeto educacional que pode ser uma contribuição significativa”, defendeu.

Já o presidente CGEE, Marcio de Miranda, falou sobre como superar o encontro entre o conhecimento das universidades e a sociedade. “Esses desafios dizem respeito principalmente às mudanças climáticas globais que estão acontecendo em ritmo bastante acelerado. Dados que levantamos recentemente mostram que nossa população estará vivendo em ambientes urbanos em 2050, sendo que somente 6% da população brasileira estará num ambiente rural. O que indica um forte investimento em ciência e tecnologia para intensificação de processos produtivos e vários outros aspectos a vários elos da cadeia de valor de produção de alimentos”, alertou.

O professor Angelo Pallini da Universidade Federal de Viçosa, destacou o trabalho feito pelo grupo de debate sobre o controle biológico de pragas. “O Brasil já possui importantes programas de prevenção de pragas. Temos uma das maiores biodiversidades do planeta, ou seja, somos fontes de agentes de controle biológicos. É necessário, portanto, a intensificação do uso do controle biológico, baseados nos conhecimentos científicos, integrados a outras praticas regenerativas, o que diminuirá custos, preservará a saúde humana e o meio ambiente”, sugeriu.

Rui Caldas, membro da Tropical University, sugeriu um processo de integração nacional e internacional das pesquisas sobre todas aquelas que estão relacionadas com o desafio de preservar e usar o potencial de toda região tropical, sobretudo no Brasil. “De tal forma que com isso podemos, além de conservar toda a biodiversidade baseada em conhecimento cientifico solido, podemos também prover oportunidades de geração de fonte de alimentos para a população mundial que está num considerável ritmo de crescimento”, pontuou.

O ex-ministro da Fazenda, Paulo Haddad, fez duras criticas quanto a preservação do meio ambiente. “Considero o meio ambiente como se fosse um mega lixo onde depositam os resíduos e detritos da sua produção e consumo. Dentro dessa concepção, o meio ambiente é um bem não econômico de acesso livre, por isso, então, não se preocupam com o uso sustentável do recurso. Na verdade, fazem o uso predatório do recurso natural, desmatando, poluindo as águas, o ar e os lagos”, reclamou.

José Siqueira, coordenador Acadêmico do Fórum do Futuro, disse que o desafio do projeto Biomas para a Amazônia é converter a economia extrativista lá instalada em economia do conhecimento da vanguarda tecnológica e de gestão avançada, que seja capaz de atrair investimentos inovadores e sustentáveis para a região.

O Conselheiro Fórum do Futuro, Paulo Romano, disse que profundas transformações ocorreram em pouco tempo desde a configuração dos serrados na década de 60 até Hoje. “E isso foi um marco que começou em Minas Gerais para configurar uma retaguarda de conhecimento cientifico e tecnológico para a instalação de uma agricultura numa região e que pontuava a pecuária extensiva baseada em pastagem nativa e o corte da madeira para fazer carvão para a indústria siderúrgica”, finalizou.