A cada minuto que passa, três mulheres são vítimas de violência no Brasil. Segundo levantamento realizado pela DataFolha, com a ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no país em 2018. Mais da metade das mulheres agredidas (52%), contudo, não denunciou o agressor nem procurou ajuda. Esta triste realidade coloca o Brasil no 5º lugar do ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Com o objetivo de proteger a vida das mulheres e contribuir para a reversão deste quadro de violência de gênero no país, um grupo de 28 pesquisadores liderados por Ana Paula Furtado, professora de pós-graduação da CESAR School e da UFRPE, desenvolveu uma inteligência artificial que identifica casos de agressão contra mulheres e aciona uma rede de proteção em tempo real, independentemente da ocorrência de denúncia formal por parte da vítima. O aluno Lincon Ademir, do mestrado do CESAR School, foi o idealizador do projeto.
Por meio do aplicativo, o celular capta e processa informações sonoras, detectando, por exemplo, palavras-chaves que indiquem ato de violência. Imediatamente, é acionada uma rede de mulheres cadastradas na plataforma, que estiverem mais próximas ao local da ocorrência, para que possam prestar ajuda à vítima e chamar as autoridades.
“A tecnologia pode ser utilizada como uma ferramenta poderosa para salvar a vida de muitas mulheres, constantemente vítimas de agressões – parte delas sequer é socorrida quando pede ajuda. A sociedade precisa se movimentar contra os casos de agressão, pois uma ajuda nesse momento crucial pode impedir que a vítima se torne mais uma mulher nas estatísticas de feminicídio no país”, afirma Ana Paula.
A plataforma, que deve ser lançada gratuitamente para o público em fevereiro de 2020, foi um dos cinco projetos finalistas do EU-Brazil Innovation Pitch 2019, seminário organizado pela Euraxess Brasil, Confap e Enrich in Brazil, no último dia 10 de dezembro, na Finatec, em Brasília. O programa tem como objetivo fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas sociais e recebeu mais de 80 projetos em sua edição brasileira.
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