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Governo chinês substituirá PCs de marcas estrangeiras

em Tecnologia
terça-feira, 10 de maio de 2022

Parece que o processo de globalização está dando mais um passo atras: a Bloomberg noticiou que o governo central chinês anunciou um plano que prevê a substituição de todos os seus computadores da linha PC de marcas estrangeiras por alternativas domésticas.

Vivaldo José Breternitz (*)

A expectativa é de que o plano seja executado nos próximos dois anos; mais de 50 milhões de PCs podem ser substituídos. Acredita-se que os computadores que rodam Windows serão, em quase todos os casos, trocados por máquinas com sistemas operacionais baseados em Linux.

No futuro, a iniciativa poderia ser estendida; além das agências do governo central e empresas estatais, seriam incluídos também os governos provinciais. Em tese, determinados órgãos poderiam receber permissão para manter as máquinas de marcas estrangeiras.

A medida vai prejudicar a participação da HP e da Dell no mercado chinês. Essas duas empresas são a segunda e a terceira maiores fabricantes de PCs do mundo; a maior delas, a chinesa Lenovo deverá fornecer muitas das máquinas que substituirão as estrangeiras.

De acordo com a empresa de pesquisa de mercado IDC, os fabricantes de PCs entregaram 92,7 milhões de desktops, notebooks e estações de trabalho durante o quarto trimestre de 2021, 1% a mais do que no ano anterior; Lenovo, HP e Dell responderam por mais da metade das máquinas vendidas. A IDC estima que a Lenovo teve uma participação de mercado de 23,5% no quarto trimestre, enquanto HP e a Dell responderam por 21,2% e 17% respectivamente.

Além dos fornecedores de hardware como Dell e HP, a Microsoft também pode ser afetada pelo plano chinês, pois o Windows continua a ser uma importante fonte de receita para a empresa. O segmento More Personal Computing da Microsoft, que inclui as vendas de sistemas operacionais, respondeu por US$ 14,5 bilhões dos US$ 49,4 bilhões em receita total que a empresa gerou no último trimestre de 2021.

Parece ser também mais uma batalha da guerra comercial que chineses e americanos vêm travando.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.