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Entra em operação a primeira estação ferroviária construída com tecnologia 3D

em Tecnologia
terça-feira, 08 de abril de 2025

Mesmo sem estar aparecendo muito nas manchetes das publicações voltadas à tecnologia, a chamada impressão 3D segue crescendo, com novas aplicações surgindo com frequência.

Vivaldo José Breternitz (*)

A JR, ferrovia que serve principalmente o oeste do Japão, anunciou a breve entrada em operação da primeira estação ferroviária construída com essa tecnologia. É a estação de Hatsushima, uma pequena comunidade rural da cidade de Arida.

O novo prédio da estação substitui uma estrutura de madeira envelhecida que serviu à comunidade por muitos anos. É um prédio pequeno, para o qual a Serendix, empresa especialista em construção por impressão 3D, fabricou, fora do local, os componentes chave, incluindo o telhado e as paredes. Estes foram então transportados e montados em apenas duas horas e meia, no espaço de tempo decorrido entre a passagem do último trem da noite e o primeiro trem da manhã seguinte.

A estrutura foi reforçada com barras de aço, garantindo durabilidade e resistência a terremotos comparáveis às estruturas tradicionais de concreto armado.

A JR estima que esta abordagem reduz os custos em cerca de 50% em comparação com os edifícios convencionais de concreto armado. Além da economia de custos, esse método de construção reduz as interrupções nas operações ferroviárias, tornando-o uma solução ideal para substituir infraestruturas envelhecidas em linhas férreas ativas.

O design da estação reflete aspectos culturais locais, trazendo representações artísticas das laranjas mikan e do tachiuo (peixe-espada), que tornam a cidade de Arida reconhecida até no exterior. A JR enfatizou que o objetivo é criar uma estação valorizada pelos moradores, alinhada à cultura da região.

A estação de Hatsushima foi um projeto piloto, escolhida devido à sua localização próxima ao mar, permitindo que especialistas avaliem a resiliência da estrutura contra desafios ambientais, como a exposição à maresia. Além disso, a JR avaliará os custos de manutenção a longo prazo e a viabilidade como parte de seu plano mais amplo de modernização da infraestrutura ferroviária do Japão.

Se bem-sucedida, a JR planeja expandir a tecnologia de impressão 3D a toda a sua rede. A empresa vê esta inovação como fundamental para sua visão de longo prazo de fornecer “transporte seguro e amigável”, ao mesmo tempo em que aprimora a sustentabilidade.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].