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Discos de vidro: uma nova forma de armazenar dados

em Tecnologia
terça-feira, 24 de outubro de 2023

A Microsoft Research, o braço de pesquisa e desenvolvimento da gigante de Redmond, está testando o armazenamento de enormes quantidades de dados em discos de vidro, em uma iniciativa chamada “Project Silica”.

Vivaldo José Breternitz (*)

Se os testes forem bem sucedidos, a tecnologia poderá ser usada para armazenar informações por milhares de anos sem degradação, suprimindo a necessidade de manuseio e cópias periódicas, além de armazenagem em ambientes controlados exigidos pelas mídias atuais, como fitas magnéticas, discos e similares.

Os pesquisadores da Microsoft armazenam os dados no vidro usando pixels tridimensionais chamados voxels; o nome voxel é resultante da fusão das palavras “volume” e “pixel” – pixel, por sua vez, é a combinação das palavras “picture” e “element”, a menor parte de uma imagem digital.

Em contraste com os métodos clássicos de armazenamento, como os discos e fitas magnéticos, as placas de vidro do tamanho de um pires do Projeto Silica poderão armazenar dados por milhares de anos sem necessidade de manutenção.

O armazenamento em mídias magnéticas, praticamente o único utilizado na atualidade, gera a necessidade de cópias periódicas em função de sua vida útil limitada, o que gera aumento do consumo de energia e de outros custos – uma unidade de disco rígido pode durar cinco anos e uma fita magnética até dez.

Armazenar dados em vidro é um conceito que remonta ao século XIX; naquela época, as pessoas armazenavam negativos fotográficos em placas de vidro. Hoje, a Microsoft vê potencial para um pequeno disco de vidro armazenar vários terabytes de dados – cerca de 1,75 milhão de músicas ou 3.500 filmes deverão caber em um desses discos.

Uma vez gravados, os dados contidos pelo disco de vidro não poderão ser alterados e serão armazenados em bibliotecas. Em grandes data centers, essas bibliotecas poderão ser automatizadas; quando os dados forem necessários, robôs poderão retirar os discos de seus locais de armazenamento e colocá-los em unidades de leitura conectadas a computadores; terminado o processamento, os robôs armazenarão os discos na biblioteca.

Os discos de vidro ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento, mas suas vantagens são óbvias: são duráveis, sustentáveis e econômicos. Os maiores custos ocorrem nos estágios iniciais, quando os dados estão sendo gravados, mas depois, os custos de manutenção são mínimos.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.