Desglobalização é um termo que vem sendo usado para fazer referência ao fenômeno de reversão dos processos da globalização econômica, social e cultural que ganharam força nas últimas décadas.
Vivaldo José Breternitz (*)
Este conceito passou a ser utilizado com mais frequência a partir de 2016, com o Brexit, quando o referendo ocorrido no Reino Unido definiu a saída do país da União Europeia.
Este fato, que agora parece ser visto como um equívoco dos eleitores britânicos, foi também um duro golpe na União Europeia e no ideal de construção de uma Europa integrada e sem barreiras sociais, econômicas e culturais.
Surge agora mais um efeito da desglobalização: a HMD Global, uma empresa finlandesa que detém os diretos sobre a marca Nokia, anunciou estar começando a fabricar smartphones 5G em sua fábrica da Hungria; é a primeira grande empresa de smartphones a fabricar esses dispositivos na Europa.
O aparelho é chamado Nokia XR21, e pretende concorrer com os aparelhos fabricados pela Apple e a Samsung, que fabricam os seus telefones na Ásia como forma de reduzir custos. Seu preço de lançamento é de 649 euros.
A HMD disse que o XR21 foi concebido para clientes empresariais, alguns dos quais solicitaram níveis adicionais de segurança, tema caro à HMD, que desde 2016 armazena seus dados e os de seus clientes em servidores localizados na Finlândia.
Suas medidas também tem incentivado a produção em outros setores-chave, como o de semicondutores.
O processo de desglobalização, ao se acelerar, certamente trará prejuízos aos países e cidadãos da Ásia, que perdem empregos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.