O deepfake é uma tecnologia que usa inteligência artificial para criar áudios e vídeos falsos, mas realistas, de pessoas dizendo ou fazendo coisas que elas nunca fizeram.
Vivaldo José Breternitz (*)
Seu uso já gerou desde conteúdos pornográficos com celebridades até discursos fictícios de políticos.
Logo após a invasão da Ucrânia, foi ao ar no Facebook um vídeo falso em que o presidente Volodymyr Zelenskyy determinava às forças ucranianas que depusessem as armas – tão logo a deepfake foi descoberta, o Face retirou o vídeo do ar.
Agora, o FBI alerta que a tecnologia está sendo usada por pessoas em processo de seleção para trabalho remoto, especialmente na área de tecnologia da informação, buscando conseguir acesso a dados confidenciais das empresas contratantes, para usa-los em diversos tipos de fraudes e ataques cibernéticos.
Fraudes em processo seletivos não são novidade; selecionadores reportam que, especialmente durante a fase mais aguda da pandemia, candidatos contratavam ajuda externa para auxiliá-los durante as entrevistas; em maio passado, descobriu-se que norte-coreanos tentavam passar-se por americanos em processos seletivos de empresas de tecnologia.
O FBI não disse quantos casos registrou, mas segundo a Sentinel, uma empresa de segurança cibernética sediada na Estônia, cerca de 150 mil vídeos deepfake foram identificados em 2020, nove vezes mais que no ano anterior.
Sabe-se, no entanto, que a tecnologia disponível para identificar deepfakes ainda é muito incipiente, embora indícios como o piscar anormal, iluminação incomum, coordenação estranha entre o movimento dos lábios e o som possam servir de alerta no sentido de que providências adicionais de segurança sejam tomadas, inclusive nos processos de seleção de pessoal.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.