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Chinês é preso por usar ChatGPT para gerar fake news

em Tecnologia
quinta-feira, 11 de maio de 2023

Vivaldo José Breternitz (*)

As autoridades chinesas prenderam um homem na província de Gansu, no norte do país, por supostamente usar o ChatGPT para gerar notícias falsas.

Parece ser uma das primeiras prisões feitas em função da   legislação que recentemente entrou em vigor naquele país e que,  entre outras regras, proíbe o uso indevido de serviços de inteligência artificial para criar e distribuir  informações falsas.

O suspeito, identificado apenas como Hong, é acusado de usar o ChatGPT para gerar   fake news, descrevendo um acidente de trem que teria feito nove vítimas fatais.

Segundo o jornal South China Morning Post a polícia teria tomado conhecimento do artigo em 25 de abril, e, investigando o assunto, descobriu   que várias versões da mesma história, fazendo menção a diferentes locais em que teria acontecido o acidente,  foram postadas simultaneamente em vinte contas da plataforma de criação de conteúdo Baijiahao, de propriedade da Baidu.

Hong teria alegado que estava usando o ChatGPT para ganhar dinheiro por meio da geração de  tráfego na internet; os artigos falsos foram vistos mais de 15.000 vezes antes de serem removidos.

A China é um dos poucos países que bloqueou o acesso ao ChatGPT, mas é possível  contornar essa  restrição usando uma VPN (Virtual Private NetworkRede Privada Virtual), que permite o estabelecimento de conexão à internet de forma criptografada, dificultando a identificação do usuário.

Hong foi acusado inicialmente ​​de criar e/ou espalhar desinformação online, embora também haja a possibilidade de ser acusado por    atentar contra a ordem pública ou causar desordem em locais públicos.

A redação da nova legislação é vaga,  e tem sido amplamente criticada por seu potencial de abafar a liberdade de expressão e prender ativistas que criticam o governo chinês. Os acusados ​​podem enfrentar uma pena de prisão de cinco a dez anos.

A sociedade precisa ser protegida, não só daqueles que de alguma forma geram notícias falas, mas também de governos que a pretexto de reprimí-las, implementam o que  claramente deve ser chamado de censura.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas