Vivaldo José Breternitz (*)
Em 2019 a Tesla introduziu nos veículos que fabrica o Sentry Mode, um sistema que grava vídeos mostrando o que acontece ao redor do carro.
É uma ferramenta de segurança; as câmeras instaladas nos carros permitem uma visão de 360º e já flagraram cenas que vão desde vândalos danificando os veículos até o caso de uma pessoa que inexplicavelmente desligou o Tesla de uma estação de carregamento.
Os proprietários dos carros também podem, pagando uma taxa, acompanhar em tempo real as imagens que as câmeras de seus veículos estão captando.
Apesar de sua utilidade, ajudando a prevenir e esclarecer crimes, há controvérsias a respeito do uso dessas câmeras, com pessoas se preocupando com possíveis quebras de privacidade ou com seu uso de forma indevida por forças de segurança.
Curiosamente, é uma dessas forças que vem se preocupando com as câmeras dos Tesla: a polícia de Berlim está tentando regular a presença desses veículos nas proximidades de sua sede e de postos policiais, onde dispositivos de gravação já são proibidos.
Documentos internos dessa polícia expressam também temores derivados do fato de a Tesla supostamente armazenar o conteúdo dos vídeos gravados em servidores localizados no exterior, assunto acerca do qual a Tesla não se manifestou.
Fatos similares ocorrem na China: em 2021 os carros da Tesla foram proibidos de circular nas proximidades de instalações militares e agora parecem estar surgindo novas restrições para circulação desses veículos. No caso da China, a Tesla informou que os vídeos gravados são armazenados em servidores instalados no país.
Como sempre acontece, novas tecnologias geram novos problemas.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.