
No primeiro trimestre deste ano, a Tesla vendeu 336.681 veículos, seu pior desempenho trimestral em mais de dois anos.
Vivaldo José Breternitz (*)
A queda nas vendas ocorre enquanto o chefe da empresa, Elon Musk continua liderando o DOGE, o “órgão consultivo” que demitiu milhares de funcionários federais americanos e vem tentando eliminar agências e programas inteiros. Seu envolvimento no governo Trump não só se mostra controverso, mas também impopular, levando muitos a se perguntarem qual efeito isso poderia ter nas vendas da Tesla.
Do que se viu até agora, os efeitos não tem sido bons: as vendas caíram em relação às 495.570 do quarto trimestre de 2024 e às 386.810 do primeiro trimestre do ano passado.
Analistas acreditavam que a Tesla venderia 408.000 veículos no primeiro trimestre, período no qual se observaram protestos defronte a lojas americanas da empresa e queda nas vendas na Europa e na China. Na Europa, as vendas da Tesla caíram 49% com relação ao primeiro trimestre de 2024, mesmo com o crescimento geral das vendas de veículos elétricos na região.
Na Alemanha, sede de uma das giga fábricas da Tesla e um dos maiores mercados da Tesla na Europa, esses números caíram ainda mais. Em fevereiro, as vendas da empresa na Alemanha caíram 76%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Ali, a queda nas vendas parece ter sido agravada pelo apoio de Musk ao partido de extrema-direita AfD nas eleições nacionais do mês passado.
Essa tendência se manteve em outros países da Europa em março, com quedas de 37% na França e 64% na Suécia, em relação ao mesmo mês de 2024. Tudo isso apesar de, neste março, as vendas de veículos elétricos terem crescido 28,4%, representando 15,2% do total do mercado europeu.
Na China, um mercado chave para a Tesla, as vendas de seus carros fabricados em Xangai caíram em março, também em função da concorrência da BYD, que ultrapassou a Tesla em receita em 2024, e de outras empresas locais como a Geely. A Tesla vendeu 78.828 veículos elétricos na China em março, uma queda de 11,5% em relação a março de 2024.
A Tesla vive um ano difícil. Suas ações atingiram seu pior desempenho desde 2022, não apenas em função das reações negativas às posturas de Musk, mas também de uma linha de produtos envelhecida.
A empresa espera que uma versão atualizada de seu Model Y, o oferecimento de financiamento sem juros na China e os, até agora envoltos em mistério, lançamentos de novos modelos, melhorem suas vendas.
No entanto, o cenário pode ficar até mais difícil para a empresa em função das alterações tarifárias que o governo Trump vem implementando.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].