Empresas americanas de tecnologia, bem como fabricantes de automóveis e de outros bens, vêm sofrendo com a escassez de chips no mercado e estão se unindo na esperança de trazer mais produção desses componentes para os Estados Unidos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Um grupo de gigantes da tecnologia formou a Semiconductors in America Coalition (SIAC) para buscar recursos públicos para o recém-promulgado CHIPS for America Act (Creating Helpful Incentives to Produce Semiconductors for America Act), ato baixado pelo governo americano que deu luz verde aos incentivos para a fabricação e pesquisa de chips no país, mas não garantiu o dinheiro necessário.
A SIAC é formada por empresas de tecnologia como Amazon, Apple, Google e Microsoft, operadoras de telecomunicações como AT&T e Verizon, além de fabricantes de chips como AMD, Intel, Qualcomm e Samsung.
O objetivo é simples: as empresas querem que mais chips sejam fabricados nos Estados Unidos, em número suficiente para criar “cadeias de suprimentos mais resilientes” e garantir que chips estejam disponíveis sempre que necessário.
A SIAC já contatou formalmente líderes da Câmara e do Senado americanos, pedindo financiamento “robusto” para o CHIPS for America Act, mas ainda não há garantia de que a organização terá sucesso em obter o financiamento que deseja, apesar de o presidente Biden ter pedido ao Congresso US$ 50 bilhões para esse fim e o financiamento da indústria estar menos sujeito a lutas partidárias do que outras questões.
Se o dinheiro sair, os Estados Unidos, que agora detém 12% da capacidade mundial de fabricação de chips, poderiam ver esse número muito aumentado pela criação de novas fábricas e expansão das atuais, reduzindo a dependência do país de fornecedores estrangeiros
Não se pode deixar de reconhecer que é um tanto cínica a postura dessas empresas, que apesar de virem obtendo lucros fabulosos, estarem pedindo dinheiro público para ações que as tornarão ainda mais ricas.
(*) É Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.