O Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveu um algoritmo que, usando inteligência artificial, pode identificar se uma pessoa está infectada pelo corona vírus apenas analisando o som de sua tosse
Vivaldo José Breternitz (*)
O algoritmo foi treinado com o uso de mais de 70 mil registros de tosse e palavras de voluntários saudáveis e de portadores do vírus.
Segundo os pesquisadores, o som da tosse dos portadores do vírus é diferente do das pessoas saudáveis, mas essas diferenças não são captadas pelo ouvido humano, coisa que o algoritmo consegue fazer.
Ao ser testado, o algoritmo identificou corretamente 98,5% dos portadores do vírus que tinham sintomas e 100% dos casos de portadores assintomáticos. O número de falsos positivos foi irrelevante.
Os pesquisadores agora estão adaptando o algoritmo de forma que o mesmo possa rodar em celulares, além de aumentar o número de registros de tosse e voz para torná-lo ainda mais preciso.
Ainda deve demorar algum tempo até que o aplicativo seja aprovado pelas autoridades sanitárias e utilizado como uma ferramenta para diagnóstico formal da infecção, mas pode em breve auxiliar em atividades de triagem de casos suspeitos para posterior encaminhamento aos testes convencionais.
A pesquisa foi trazida a público pelo extremamente prestigiado Journal of Engineering in Medicine and Biology, editado pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), que informa ser o algoritmo baseado em estudos anteriores acerca de como alterações na tosse e padrões de fala poderiam indicar a presença de outros males, como a Doença de Alzheimer.
É mais um caso de inteligência artificial ajudando a aperfeiçoar a medicina.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.