Vivaldo José Breternitz (*)
Vivemos tempos esquizofrênicos: em alguns casos, faltam profissionais, em outros, o desemprego atinge níveis trágicos. Empresas fecham por falta de clientes; outras tem dificuldades em atendê-los, quer por problemas nas cadeias de suprimentos, quer pelo volume que vendem – esse é o caso da Amazon, que afirma incorrer em custos adicionais da ordem de vários bilhões de dólares a fim de garantir que seus clientes recebam seus pedidos dentro do prazo neste final de ano.
Andy Jassy, que substituiu o fundador da Amazon, Jeff Bezos, como CEO da empresa em julho desse ano, disse recentemente que esses custos adicionais são decorrentes da escassez e aumento do custo de mão de obra, problemas nas cadeias globais de suprimentos e aumento dos preços de fretes. Seus comentários foram feitos no momento em que a empresa divulgou dados financeiros para o terceiro trimestre, que mostram uma receita de US$ 110,8 bilhões, marcando o quarto trimestre consecutivo de receitas acima de US$ 100 bilhões.
O número também marcou um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas foi significativamente menor do que o aumento de 27% registrado no segundo trimestre. O lucro foi de US$ 3,2 bilhões, cerca da metade do mesmo período do ano anterior. No geral, os números não atenderam às expectativas de Wall Street, fazendo com que as ações da Amazon caíssem mais de 4% no pregão de 27 de outubro, data em que os números vieram a público.
Como parte dos esforços para garantir uma operação de entrega tranquila durante a temporada de férias, a Amazon está contratando 150 mil trabalhadores temporários, apenas nos Estados Unidos, com uma remuneração média inicial de US$ 18 por hora, bônus de até US$ 3 mil na contratação, um adicional de US$ 3 por hora para trabalho em alguns turnos e locais, bem como a oportunidade de efetivação.
Outras medidas já foram tomadas para melhorar a logística; a Amazon abriu recentemente seu novo hub de carga aérea baseado no aeroporto internacional de Cincinnati, local onde são processados milhões de pacotes todas as semanas. Além das compras de Natal, a Amazon está preocupada com as entregas decorrentes das milhões de compras efetuadas na Cyber Monday e Black Friday, que acontecerão em novembro. O que parece tornar a situação um pouco menos caótica é o fato de que muitos clientes anteciparam suas compras de Natal, preocupados com atrasos na entrega.
(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor do Programa de Mestrado em Computação Aplicada da Universidade Presbiteriana Mackenzie.