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Absorventes: mais um fruto da guerra

em Tecnologia
segunda-feira, 17 de julho de 2023

Guerras geram desenvolvimento tecnológico.

Vivaldo José Breternitz (*)

Para confirmar essa afirmação, basta lembrar que corria o ano de 1914 quando Ernst Mahler, executivo da então pequena empresa americana Kimberly-Clark, visitou fábricas de papel e celulose na Alemanha, Áustria e Escandinávia, interessado em um novo derivado da celulose chamado Cellucotton.

O material impressionou Mahler, pois era cerca de cinco vezes mais absorvente que o algodão e, quando produzido em massa, saia pela metade do preço. Ao retornar aos Estados Unidos, Mahler registrou o material e, quando esse país entrou na guerra em 1917, a Kimberly-Clark começou a produzir bandagens para ferimentos usando o Cellucotton.

O material também chamou a atenção das enfermeiras da Cruz Vermelha que atuavam nos hospitais para feridos de guerra, que começaram a usá-lo como absorvente íntimo descartável – esse uso se difundiu rapidamente entre elas.

Quando a guerra acabou, a Kimberly-Clark aproveitou o excedente de curativos das forças armadas e da Cruz Vermelha para criar e comercializar os primeiros absorventes higiênicos descartáveis, usando o nome Kotex.

A ideia era muito inovadora em uma época em que as mulheres ainda usavam pedaços de tecido como absorventes no período menstrual. Um dos primeiros anúncios do Kotex publicado nos Estados Unidos dizia que uma das vantagens do produto era “simplificar o problema das lavadeiras”…

A marca Kotex, que ainda está no mercado, foi sugerida pela agência de publicidade Charles F.W. Nichols Company, que atendia a Kimberley Clark e é o resultado da abreviação da expressão “cotton textile”.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.