Novos Mercados

em #tenhacicatrizes
quarta-feira, 04 de dezembro de 2019

David Fraga (*)

Quando falamos de novos mercados, produtos e nichos, logo pensamos em tecnologia, afinal é o que mais avança. Entretanto para entendermos esse comportamento é importante olharmos para o passado.

A cerveja por exemplo. Nos anos 80 “todo” homem bebia, nos 90 os jovens, no meado dos 90 as mulheres e em um mercado saturado, tentaram a bock que embora sem muito sucesso, abriu o caminho da cerveja gourmet que se sedimentou 10 anos mais tarde, como se o consumidor ainda não estivesse “pronto”.


Com os energéticos foi mais fácil.


A “geração saúde” crescia, os esportes chamavam a atenção e havia uma briga: “suquinho” era leve demais, “refri” saudável de menos, os dietéticos e os Softs     como “H2OH!” tinham pego seu share.

Daí vieram os energéticos: Apelo incrível de alegria, energia e descoberta.
Pegou atletas e baladeiros, os motoristas e plantonistas que atravessavam a noite em claro, abrindo um mercado cheio de concorrentes.


            Mas como prever estas mudanças? Devemos estar atentos aos lentos incrementos de tecnologia e comportamento.


            Em 96 a Nintendo se dedicava a um controle com captação de movimento, 10 anos mais tarde viabilizaram no Wii. Cativando um nicho inteiro de usuários, conquistando fãs e abrindo um mercado de controles diferenciados. Líderes de venda fizeram até a Sony buscar algo similar.
Sim,  o Kinect veio antes, mas sem jogos tão atraentes, não fez contato com o coração do consumidor da mesma maneira, se tornando uma famosa ferramenta de implementação de IOT em casa.

            Hoje se discute mais a oportunidade financeira que a de agradar o consumidor.
No que investir, Como conquistar o investidor e Qual o ROI? São perguntas mais frequentes do que: como fazer parte da vida do meu consumidor? Ou: como vou fazer bem ao meu consumidor?
           

Olhemos estes casos e pensemos na “carne vegetariana” um nome que não faz sentido e uma busca questionada pelos próprios vegetarianos, como diz Luiz Gongora (vegetariano há 20 anos) “vegetariano que tenta imitar carte é como um divorciado falando que a ex era melhor”.
De olho na mudança de alimentação do mundo empresas surgiram e bateram recordes na bolsa em investimentos para criar um substituto da carne .
Agora, motivados pelo que e para quem?
Para a população crescente ser alimentada de forma mais sustentável? Ou pelo excesso de carne no organismo ser insalubre, porque a obesidade assola muitos países e esta alternativa ajuda, porque a moda é ser politicamente correto, para interromper a crueldade com animais ou porque as pessoas não querem trocar seus hábitos mas ainda tem uma consciência? E outros milhares de motivos razoáveis?

Todas as anteriores. 


Isso mesmo, Enquanto os fast foods brigam pra ver quem faz o melhor “Hambúrguer de Planta” as opiniões se dividem e os palavrões aparecem.
Este é um mercado promissor, mas será que a introdução melhor era nesse produto ? Justo um ícone como o hambúrguer?

Temo  que sim, pois com insistência e permanência, a massa popular se convence de milhares de coisas, e talvez estejamos vendo um mercado se moldar através do dinheiro que fará a ideia grudar em nossas mentes de tanto insistir.


Assim as oportunidades se espalham na nossa frente e muitas vezes me admiro de como prever o futuro é menos importante do que perceber que ele chegou.
           

Há 4 meses começaram a falar  de celulares com 2, 3 ou 4 câmeras que fazem não te deixar errar o foco, cada câmera capta uma distância e depois junta tudo.
Mas para que mais serve esse recurso?  4 meses se passaram e o mercado já se mexeu nesse sentido.

Se temos 2 câmeras (ou mais) e cada uma foca em algo com distância diferente, com o algoritmo certo seu celular pode medir distância entre os objetos em foco.

Assim ele calcula a posição e tamanho do cachorrinho fake deitado no chão, graças a distancia do seu nariz das tuas orelhas poderá entender quando seu rosto virou e fazer não só orelhinhas e linguinhas que viram, mas também o Deepfake em casa.


Não diferente é calcular o tamanho de uma sala e colocar móveis 3D nela,  não numa foto, com a câmera aberta e em tempo real!


Imagine redecorar sua sala pela tela do celular, seu quarto ou o escritório ainda não alugado sendo mobiliado antes de assinar, só usando as câmeras múltiplas no aplicativo de um magazine qualquer que teve essa ideia.

Pois é, se você é desenvolvedor ou modelista 3D, é isso que deveria estar fazendo há meses. Se é usuário, esteja certo que é isto que estará usando até o natal.

Até a próxima!

(*) Membro dos Empreendedores Compulsivos,  é antes de tudo um apaixonado por pessoas e suas atividades. É Sócio da JAM Propaganda e fundador da Escola Guilda de design. Palestrante de Atendimento à Clientes e Relacionamento Interpessoal, também o programa semanal dos Empreendedores Compulsivos na Radio Geek. Jogador convicto de RPG, se desenvolve hoje para atender pessoas com TDAH harmonizando seu aprendizado com os demais em sua escola.