Octávio Alves Jr. (*)
Pertencimento é uma motivação que seres humanos têm para procurar e manter laços socais profundos, positivos e recompensadores.
O psicólogo americano Abraham Maslow, aquela da hierarquia das necessidades, argumentou que a conexão humana é a nossa necessidade mais básica, apenas depois de satisfazê-la, poderemos nos dedicar às necessidades de crescimento e felicidade individual. Sem laços de amor e carinho com os outros, argumentou, não conseguimos alcançar o nosso pleno potencial como seres humanos.
Na Constelação Sistêmica, que é um método desenvolvido pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, são estudadas as emoções e energias que acumulamos consciente e/ou inconscientemente. Também neste método o pertencimento tem lugar de extremo destaque.
O psicanalista Heinz Kohut definiu o ato de pertencer como a sensação de ser um “humano entre seres humanos”. Isto nos faz sentir uma conexão com outras pessoas. Ele avaliou que uma das principais causas dos problemas de saúde mental foi a falta de pertencimento ou a percepção de que estamos afastados de nossos semelhantes.
A provocação que quero trazer para a sua consciência é:
até onde você está disposto(a) a ir para pertencer?
A influência social é a forma como indivíduos mudam suas ideias e ações para atender às normas de certo grupo social ou autoridade. Existem muitas razões pelas quais as pessoas permitem a influência social nos seus pensamentos, opiniões e comportamentos, a primeira delas é a nossa necessidade de pertencer.
A seguir apresento alguns exemplos de influência social:
- Fãs de clubes de futebol, voluntariamente se vestem com a camisa do time para pertencer à torcida
- Amigos se vestem “parecido” pelo senso de pertencimento
- Um(a) estudante que mudou o seu comportamento para alinhar-se aos outros estudantes na classe
- Somos influenciados por pessoas com poder sobre nós. O funcionário seguirá as ordens do(a) supervisor(a) para agradá-lo(a)
- Muitas vezes mudamos nossos comportamentos na presença de outros
A questão da influência social foi estudada nos EUA pelo psicólogo polonês Solomon Eliot Asch. Em um dos seus experimentos, o pesquisador perguntou qual das 3 barras A, B ou C tinha o comprimento mais próximo da barra exemplo. Claramente era a barra C.
Sem pressão social, praticamente 100% das pessoas responderam certo. Para simular a pressão do grupo, em outro experimento, outros membros da equipe do psicólogo estavam respondendo junto com o participante.
32% dos participantes concordaram com a resposta errada, influenciados pelo grupo. Depois do experimento, nas entrevistas com os participantes, as justificativas foram:
“Pertencer ao grupo.”
“Achei que os outros estavam melhor preparados do que eu.”
“Medo de ser ridicularizado.”
Uma das principais conclusões foi que o simples desejo de pertencer a um ambiente homogêneo faz com que as pessoas abram mão de suas opiniões, convicções e individualidades. Outro experimento conduzido por Asch foi estudar o nosso comportamento em um elevador.
“A maioria dos atos sociais devem ser entendidos em seu entorno de forma a perderem o significado se estiverem isolados. Nenhum erro é mais sério quando pensamos em fatos sociais do que não levar em conta seu lugar e função” (Solomon Asch)
As experiências que tivemos quando crianças, entre 5 e 12 anos aproximadamente, foram determinantes para a criação do nosso sistema de crenças e valores (mais detalhes em https://is.gd/NcS49t). Quando nesta época não nos sentimos amados, crescemos mais tímidos(as), inseguros, com falta de amor próprio, carentes e com necessidade da aprovação do outro, favorecendo que sejamos facilmente influenciados.
Comentários finais
Eu acredito que em um assunto como este não tem certo nem errado. O meu objetivo foi trazer a importância do pertencimento para a sua consciência.
Para pertencer podemos inclusive colocar uma “máscara” e passar-nos por outra pessoa
E você, o que tem feito na sua vida para pertencer?
(*) Membro dos Empreendedores Compulsivos, Executivo internacional com larga experiência em vendas, marketing e desenvolvimento de negócios. Master practitioner em programação neurolinguística (SBPNL). Alumni do IBGC e da Kellogg School of Management. Cursos executivos na Sloan MIT School of Management e na Singularity University. Professor convidado nos cursos de pós-graduação da FGV. Criador de conteúdos em áudio e vídeo sobre Liderança e Desenvolvimento Pessoal no LideraCast. Trabalhos de Expansão de Consciência e xamanismo no Instituto Tadashi Kadomoto, Instituto Cambará e O&O Academy.