Costábile Matarazzo

em #tenhacicatrizes, Empreendedores Compulsivos
quarta-feira, 18 de maio de 2022

Não existe Líder sem agenda de liderança

Sabe aqueles momentos “a-ha” que acontecem poucas vezes na vida?

Eu tenho o privilégio de observar esse fenômeno a cada vez que um novo líder descobre que só será reconhecido e efetivo nesta nova posição, quando estabelecer uma agenda de liderança.

Confesso que eu fico esperando este movimento de descoberta nos processos de acompanhamento dos novos líderes. Por experiência, percebo que depois deste “a-ha” conseguimos acelerar bastante a evolução do nível de maturidade da liderança.

É claro que para fazer um diagnóstico sobre a efetividade de alguém que ocupa uma posição de liderança é necessário analisar diversos fatores, tanto práticos como subjetivos. Contudo, o que eu descobri ao longo da minha trajetória é que, se analisarmos somente as últimas 4 semanas da agenda de um líder, conseguimos ter indícios das tendências.

E quais tendências? Diversas delas.

Primeiro vou explicar o porquê, e depois aponto algumas delas.

Conseguimos isso porque, analisando tão somente 4 semanas da agenda de um novo líder, já conseguimos perceber a forma de distribuição seu tempo entre 03 grandes blocos: tempo para tarefas da rotina (tarefas operacionais, atividades burocráticas, reuniões de follow-up de projetos; as diversas reuniões periódicas; etc ); tempo dedicado ao desenvolvimento e proximidade com as pessoas do time; e tempo para pensar a área e o time, de forma a evoluir a agilidade dos processos e das pessoas. 

É claro que existem as particularidades de cada área – algumas são mais técnicas e complexas, outras são áreas de suporte e apoio – nesse sentido, não conseguimos avaliar e afirmar se essa liderança está dedicando muito tempo ou pouco tempo a cada bloco. O objetivo não é avaliar e sim analisar o “como” está distribuída a agenda.

Quanto menos tempo dedicado para as pessoas, mais próximo da operação este líder estará. Dessa maneira, entendo que podemos apontar as seguintes tendências:

  1. este líder possivelmente apresentará dificuldades em delegar;
  2. se não delega, dificilmente entenderá a importância de desenvolver as pessoas para os desafios atuais e futuros;
  3. sob pressão, tenderá a centralizar a execução das atividades, o que aumenta a carga de trabalho operacional do líder
  4. o time apresentará alta carga de dependência emocional e técnica

Com esse diagnóstico, eu posso afirmar: esse novo líder, definitivamente, não entendeu seu novo papel. Eu costumo dizer que o entendimento do papel é a “aula zero”. Antes de se entender qual é esse novo papel não haverá ação e, consequentemente, não haverá mudança de comportamento.

Qual é a solução mais simples? É fácil: precisamos deixar claro para este novo Líder que seu principal papel é cuidar das pessoas e dos processos, e fazê-los compreender que os resultados serão consequências dessa gestão simples.

Mas qual é desafio de uma solução simples? É descobrir que cuidar de pessoas e processos não é tão simples assim!

No livro ‘Os desafios da primeira gestão’ consegui traduzir os primeiros grandes desafios dos novos líderes no modelo 3D’s – Desapega<>Delega<>Desenvolve. Compreender e aceitar seu novo papel é o princípio de tudo.

Antes disso, essa nova liderança não terá movimento intencional nos 3D’s.

Explico rapidamente cada bloco:

  • Desapegar é entender que agora será necessário se afastar das tarefas operacionais da função anterior e que aquela nova função exigirá outras habilidades e também uma dedicação de tempo em outras atividades – Desapegar tem a ver com entendimento do novo papel.
  • Delegar é transferir a responsabilidade pela execução de alguma tarefa. O interessante aqui é perceber que só começará a ser realizado depois do entendimento do novo papel. Delegar é uma habilidade, e é natural que seja aperfeiçoada por meio da repetição, o que demanda tempo e melhoria contínua.

Desenvolver é dedicar tempo ao time e perceber as necessidades de treinamento técnico e comportamental. Uma coisa leva à outra, por isso, os 3Ds acontecem de forma simultânea durante o desenvolvimento da liderança.

Nessa altura, já entendemos que não existe solução fácil ou simples. O que existe é uma jornada. Uma jornada de desenvolvimento da liderança.

Primeiro passo? Alinhamento das expectativas esperadas nesse novo papel.

Segundo passo? Uma agenda de liderança.

Não existe Líder sem agenda de liderança.

Vamos nos falar? Me escreva no Linkedin ou no Instagram @matarazzo.costabile 

*Costábile Matarazzo é autor do livro “Os desafios da primeira gestão”. É Consultor e facilitador, administrador com especialização em Consultoria Empresarial pela PUC-SP e MBA em Gestão Empresarial pela FGV.  Faz parte da iniciativa Empreendedores Compulsivos e é Empreteco pelo SEBRAE/ONU.

É certificado em metodologia do Ciclo de Aprendizagem Vivencialpelo CEFE International e Didática e Prática do Ensino Superiorpelo Instituto Nacional de Pós-Graduação. É Action Learning Coach pela Wial Brasil e Coach formado pela Sociedade Latino Americano de Coaching.