Alessandro Saade (*)
Virada de ano sempre é momento de reflexão. E na maioria das vezes, momento de novos planos, novas listas, novas aspirações.
É bom pararmos de tempos em tempos, não somente nas viradas de ano, para uma autoanálise. Mas também é importante definir as premissas que conduzirão esta reflexão.
Muitas vezes renovamos as aspirações, desejos e planos, sem mudar a estratégia. Se em 365 dias você não emagreceu nem ficou rico, acho que vale a pena, pelo menos, validar se as premissas ainda estão válidas e sustentam o seu plano.
Acontece que ao longo do ano muita coisa muda: no ambiente, em você, nas pessoas que lhe cercam, nas empresas, na tecnologia, na sociedade. Não faz muito sentido com tanta mudança, simplesmente repetir o que não deu certo antes.
E se o ambiente muda, é extremamente importante validar se a solução / competência que você oferece – seja como empresa, empreendedor ou profissional – ainda é útil para o mercado que você escolheu. Nossas competências aumentam ou diminuem de valor para as empresas onde trabalhamos, soluções oferecidas pelas empresas têm mais ou menos demanda em função do momento do mercado e da sociedade. Tudo muda muito.
O autor norte-americano Wayne Walter Dyer, traz uma provocação que sempre me inspira. Ele reflete sobre usos do mesmo material. Por exemplo, ele diz, o preço de uma barra de ferro é de aproximadamente US$100,00. Se não fosse uma barra nova, valeria ainda menos, US$25,00. Mas, se usasse este ferro para produzir ferraduras, seu valor aumentaria para US$250,00! agora, se preferisse produzir agulhas de costura, o valor aumentaria mais ainda, para US$70.000,00. Por fim, se optasse por produzir algo mais preciso e delicado, como molas para relógios, o valor chegaria a incríveis US$6.000.000,00!
Ele conclui: “Seu valor não é apenas aquilo que você é feito, mas acima de tudo, de que formas você pode tirar o melhor do que você é!”
Usando esta provocação como ponto de partida, proponho que entenda melhor as suas competências e busque ocupações onde elas possam se destacar, por necessidade ou por escassez. Onde você possa ser valorizado pelo que pode contribuir. Muitas vezes mudando de segmento de atuação, ou simplesmente de departamento, aumentamos o nosso valor.
Da mesma forma, se possui uma empresa, valide se os seus produtos e serviços são de fato úteis e busque mercados onde possa construir uma relação duradoura com seus clientes, independente dos seus consumidores serem pessoas ou outras empresas. Colaboração ao longo da cadeia cria valor e interdependência, ativos valiosos em tempos incertos.
Todo tempo investido nesta reflexão é bem empregado. Sempre. É daqui que saem tanto as decisões de descontinuar produtos e serviços, como de buscar novas responsabilidades e atribuições, fazer um novo curso, encontrar novas ideias e soluções. Lembre-se que a capacidade de se adaptar é uma das características mais importantes nestes tempos.
Afinal, sempre existe alguém começando algo novo. Por que não você?
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.