A Empresa sou Eu. Ou a empresa somos nós?
“L’État c’est moi”. A famosa frase – “O Estado sou Eu” – é do soberano francês Luís XIV, também conhecido como o “Rei Sol”, que passou pela história deixando como legado a forma absolutista de enxergar o mundo. Luis XIV é personagem do Século XVII
A empresa sou eu. Essa empresa tem a minha cara. Sem eu essa empresa não existe. Pare e pense: quantas vezes você já ouviu frases como estas, ou algo bem parecido? Detalhe: proclamadas trezentos e tantos anos após o rei absolutista…
Mas o que é uma empresa, afinal? É ela a síntese de “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”, práxis dos anos 1960? Seria uma linha de produção eficiente? Ou é um grupo de talentosos vendedores de quaisquer coisas? Empresa é a materialização de pressupostos que caminham por osmose?
Nos tempos atuais, de plena transição cósmica, comportamental e tecnológica, fica cada dia mais difícil repetir-se modelos. É preciso cada um de nós se reinventar. Organizações não são diferentes e não devem ser percebidas como elementos etéreos e intangíveis; são geridas por seres humanos.
Pessoas, como empresas, precisam de encanto. Como nasce o amor, senão fruto de uma prosaica relação de encantamento? Com as empresas é fundamental existir um processo semelhante. As pessoas que comandam, ou as que ajudam a empurrar o barco, têm de se encantar com suas organizações.
Do contrário serão infiéis; vão embora. Mais que um simples impresso sobre MISSÃO e VALORES, na parede ou na tela do computador, é necessário existir relações transparentes. E INTERATIVAS. Este é o grande mote das novas relações. As pessoas hoje querem falar. É a chamada “comunicação 2.0”. E já chegamos à “comunicação 3.0”, na qual se descobre sobre o quê o interlocutor quer falar.
Nelson Tucci (*)
(*) – Nelson Tucci é jornalista, com extensão em Meio Ambiente pela ECA-USP; pós-graduado em Comunicação e Relações com Investidores pela FIPECAFI (FEA-USP), diretor da Virtual Comunicação e palestrante.
Assim como pessoas, é razoável as empresas adotarem posturas coerentes e responsáveis. Não dá para se pensar no êxito de uma companhia que tem diretores “puxando para lados diferentes”. E a ocorrência de tal desritmia é mais comum do que se imagina. Entropias acontecem. E quando o caos interno se estabelece, pessoas se deprimem e ficam doentes. E as empresas quebram.
Amamos pessoas, clubes de futebol, marcas etc porque nos encantamos e nos reencantamos permanentemente.
Empresas são pessoas. E, como tal, também precisam ser reencantadas. Implantar uma Política de Comunicação, priorizando a COMUNICAÇÃO INTERNA, é um caminho seguro para se atingir este objetivo. Estabelecer foco, aferir clima interno, gerar ações motivacionais e praticar os VALORES estabelecidos a priori é tão importante quanto o fluxo de caixa.
Por meio da COMUNICAÇÃO INTERNA pode-se realinhar uma empresa, estabelecendo linguagem única e, por consequência, melhoria da produtividade e aumento da satisfação e participação. Isso é “comunicação 2.0”.
Os tempos mudaram. É necessária a mudança de paradigmas corporativos. Em um universo mais e mais interativo, empresas e pessoas sentem-se compelidas à mudança. E esta só acontecerá pela vontade de cada um de mudar. É preciso o reencantamento, porque, afinal, “Não sois máquina. Homens é que sois”, como disse o grande Chaplin no discurso final de “O Grande Ditador”.