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O saber espiritual como essência para o bom governo

em Opinião
terça-feira, 27 de junho de 2017

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

No passado, na Suméria, os sábios da Caldeia formavam líderes espirituais que conduziam o povo para o progresso.

Hoje, o drama mundial é a falta de pessoas de qualidade para gerir o Estado e governar. Há duas principais instituições voltadas para o preparo de líderes: uma delas é Harvard, nos EUA, com foco no capitalismo de livre mercado, de onde saíram sete presidentes americanos, e a outra é a Celap, na China, que se baseia no capitalismo de Estado com fundo Marxista.

Com o fortalecimento do jogo diplomático e financeiro, que dá prioridade ao aumento de riqueza e poder, a grande arte de governar ficou no passado longínquo. O governo deve ter como prioridade conduzir a população ao aprimoramento sem o paternalismo que enfraquece o cidadão, tornando-o dependente. É importante educar para a vida e formar indivíduos que busquem a boa administração dos recursos da natureza e o equilíbrio financeiro, tendo em vista o aprimoramento de todos.

Governantes displicentes com as contas, gerando déficits continuados, criaram a ciranda do mercado financeiro, deixando de lado a melhora da eficiência na gestão do Estado que, além de ineficiente, tende a se tornar corrupta. Uma montanha de déficits e dívidas, com compromissos superiores às receitas que os Estados conseguem obter com os impostos já elevados, estão chegando ao extremo da necessidade de aportes financeiros sem que se saiba como resolver a questão.

Se o país produz quase nada e importa tudo, o problema é como gerar disponibilidade em dólar. Se faltar, terá de cobrir os déficits com empréstimos. O sistema assim constituído tende ao fracasso pela falta de sustentabilidade, pois quando as deficiências aparecem, tudo cai na estagnação. Sem um vigoroso esforço para melhorar a qualidade dos gestores e da sociedade, a precária democracia fica ameaçada, incorrendo no risco de regressão geral, medo e ódio.

Os sentimentos negativos surgiram por influências sombrias e destrutivas na época em que o ser humano deixou de atentar para a voz interior – a sua consciência espiritual -, que sabia o propósito de ter nascido neste planeta. Atualmente, pouco se sabe sobre o significado da vida, pouco é ensinado, pouco se motiva para a busca desse saber, e assim as pessoas desperdiçam o tempo precioso à cata de prazeres e vícios, temerosos, odientos, vingativos, afastados do amor, em vez de se aprimorarem.

Tudo tem a ver com equilíbrio e tende a caminhar naturalmente, mas desanda quando os homens não agem com equilíbrio e bom senso, querendo impor interesses particulares, interferindo arbitrariamente e criando bolhas. Se os governantes tivessem dado mais atenção à necessidade de equilibrar as contas internas e externas, as importações e exportações, produção e comércio, emprego e consumo, tudo andaria de forma normal.

Mas, desatentos, foram cavando buracos para tentar resolver com juros e câmbio, e deu no desequilíbrio global: conflitos entre poder econômico e político, dívidas soberanas, desemprego, atividade econômica deprimida, cultura e educação em baixa. A economia vai se adaptando, seguindo doente, enquanto a espécie humana vai perdendo o rumo, destruindo em vez de beneficiar.

Ao perder o saber espiritual sobre a vida, aceitando o conceito de vida única e acreditando que com a morte tudo termina, os humanos decaíram no imediatismo que os amarra ao transitório, e sempre tentando explorar uns aos outros, econômica ou emocionalmente, envolvidos numa espécie de guerra não declarada de todos contra todos, sem conciliação e sem perdão.
Para reencontrar o perdido saber espiritual as pessoas deveriam se perguntar: por que nascemos neste planeta, o que temos de fazer aqui para um viver proveitoso e benéfico?

(*) – Graduado pela FEA/USP, coordena os sites (www.library.com.br) e (www.vidaeaprendizado.com.br). Autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; O Homem Sábio e os Jovens; e A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade ([email protected]).