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Erro de Avaliação

em Opinião
sexta-feira, 09 de outubro de 2015

Mario Enzio (*)

Conversar e se explicar com lógica é um meio que podemos nos fazer compreender e viver em sociedade. Será que o que falamos consegue passar o que queremos comunicar?

Creio que precisamos nos entender primeiro em relação a essa frase. Valeria à pena começar limitando nosso texto e perguntar: o que é lógica? É quando o raciocínio é coerente, acertado, quando há bom senso no que expomos em nossa fala ou na escrita. É a função critica do pensamento, quando o discurso, a maneira de falar de alguém, é racional. O que resulta numa informação normal das coisas.

Somos seres pensantes e falantes. Nem sei quanto de pensante, não vem ao caso nesse caso, mas falamos quando estamos sós – o que faz de alguns excêntricos – e em grupos sociais. Enfim, nos comunicamos de alguma maneira. Pessoas sempre estão pronunciando, soltando, articulando um conjunto de palavras.

Vamos verificar a reação que temos com as notícias: quando nem sempre esse raciocínio é tão coerente e compreensível. Quando uma autoridade ou celebridade fala a um jornalista e esse grava ou publica o que aquela pessoa disse. Se estivermos por dentro do assunto, podemos até conseguir compreender senão temos que assistir ou ler a matéria novamente. E podemos assistir e ler, e continuar assistindo e lendo, e não compreender o que estão querendo dizer.

O que pensamos? Podemos pensar que somos mal informados, estamos fora do assunto, nós é que somos limitados, restritos em nosso conhecimento. Mas aí é que está o erro de avaliação. O erro não é nosso. E na maneira de como o outro falou. Ele falou e não disse nada.

Esse é o lado manhoso, inconsequente e ilógico da conversa. A declaração é que foi polêmica. É quando exageram na maneira de como formulam suas premissas. Ôpa! O que são premissas? São argumentos, asserções, as frases que são faladas. Assim, uma pessoa pode falar o que quiser, mas pode ser que não terá lógica, nem será coerente com o que está falando.

O que aquela pessoa quis dizer com uma frase: “irei continuar indo enquanto for possível ir demandando”. Depende do contexto, sim. Mas, há frases que são faladas apenas para fazer algum tipo de som. Pessoas falam e produzem sons, sem qualquer significado.

Já ocorreu isso com você? De estar falando com alguém, sobre um determinado assunto. De futebol, por exemplo, do resultado pífio ou da falta de garra em vestir a camisa do seu time. Você comenta uma ou mais passagens do jogo de ontem. E espera que a pessoa interaja em sua conversa, e a pessoa lhe responde: “irei continuar indo enquanto for possível…”.

Espera aí: do que estamos falando? Aonde quer chegar com esse discurso? Penso que só podemos opinar sobre determinados erros nessa comunicação se estivermos compreendendo o que o outro está querendo falar. Senão fica difícil fazer alguma avaliação coerente.
É bom saber que vivemos ao lado de indivíduos que nos enganam com suas declarações quase a todo instante.

Vemos, escutamos ou lemos alguém se justificando de um crime, de uma abordagem política, de um ato de corrupção ou de ações em que as evidências materiais lhe cobrem de culpa, mesmo após terem sido julgadas tecnicamente. E a pessoa consegue argumentar de maneira ilógica: “tudo não passou de armação!”

Em quem acreditar?

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).