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A poluição do ar no Brasil: entre queimadas, automóveis e soluções tecnológicas

em Opinião
sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Gabriel Amadei (*)

Diversas cidades brasileiras têm enfrentado um desafio ambiental colossal: a poluição do ar.

De acordo com o IQAir, empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar, São Paulo registrou por cinco dias consecutivos, entre 120 cidades monitoradas, o pior ar do mundo. Este problema persistente também afetou várias outras regiões do país no último mês e é alimentado principalmente por duas fontes: as emissões de automóveis e a fumaça das queimadas.

As ruas da cidade estão perpetuamente cheias de carros, ônibus e caminhões. Cada um desses veículos libera, diariamente, uma quantidade significativa de gases poluentes no ar, incluindo monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e partículas finas. Esses poluentes degradam a qualidade do ar e contribuem para um amplo espectro de problemas de saúde, desde irritações respiratórias até doenças cardiovasculares.

Nesse contexto, a introdução de tecnologias de pós-tratamento de poluentes veiculares adotadas há alguns anos em outros países do mundo surge como uma alternativa para enfrentar esses problemas. Os catalisadores, por exemplo, são dispositivos que promovem a transformação química de gases poluentes em substâncias menos nocivas. Já os filtros de particulados são capazes de reter partículas finas presentes nos gases de exaustão, ajudando a reduzir a poluição atmosférica.

Em paralelo, as florestas brasileiras, especialmente a Amazônia e o Pantanal, têm experimentado um aumento alarmante nas queimadas nos últimos anos. A fumaça das queimadas, carregada de poluentes e partículas finas, pode viajar longas distâncias e afetar a qualidade do ar em áreas densamente povoadas, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.

Essas duas fontes de poluição do ar interagem de maneiras complexas. Por exemplo, os gases emitidos por automóveis podem reagir com a luz solar para formar ozônio troposférico, um poluente perigoso. Quando combinado com a fumaça das queimadas, isso pode resultar em um “coquetel” tóxico de poluentes que reduz ainda mais a qualidade do ar, impactando diretamente na qualidade de vida e saúde das pessoas.

Além disso, ambos os tipos de poluição contribuem para a mudança climática, que, por sua vez, pode levar a um aumento na frequência e intensidade das secas, ondas de calor e enchentes. Essas condições extremas aumentam o risco de incêndios florestais, criando um ciclo vicioso entre poluição e mudança climática.

Para enfrentar efetivamente a poluição do ar, é urgente um esforço conjunto focado em reduzir as emissões de veículos, maquinários e prevenir as queimadas. Precisamos de leis mais rigorosas relacionadas ao tema, incentivos para o uso de transportes públicos ou de carros com tecnologias híbridas, adoção de tecnologias de pós-tratamento de poluentes e políticas de proteção florestal realmente eficazes. A saúde dos brasileiros, bem como do nosso planeta, depende de tais ações.

(*) Gerente de Vendas para Plataformas Automotivas da Corning na América Latina, uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais que desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida