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Golpes na Black Friday: todo ano a mesma coisa

em Negócios
segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Ralf Germer (*)

Marcada para acontecer na última sexta-feira de novembro, a Black Friday 2020 deve ser a mais digital de todas. Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas online devem crescer 77% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 6,9 bilhões. A explicação para o aumento tem a ver com a pandemia e a adesão de novos hábitos de consumo pelos brasileiros, que passaram a realizar compras em ambientes virtuais com mais frequência.

Ainda nesse sentido, dados divulgados em entrevista pelo Google mostram que 19 das 29 macrocategorias do varejo analisadas pela companhia entre os dias 26 de agosto e 22 de setembro, já registravam um volume de buscas que supera a verificada na Black Friday 2019. Termos como “cupom” e “cashback”, por exemplo, apresentaram crescimento de 30% e 74%, respectivamente. Além disso, os downloads de aplicativos de compras no Brasil tiveram um aumento de 100% durante a crise do novo coronavírus, segundo a empresa americana AppsFlyer.

Se os números indicam uma boa notícia para o varejo, é importante lembrarmos que junto com a temporada de promoções vem os golpes, que aumentam nessa época do ano. Conforme um levantamento feito pela Konduto, antifraude para pagamentos online, do R$ 1,3 bilhão analisado pela empresa ao longo dos quatro principais dias de Black Friday no ano passado, mais de R$ 31 milhões eram de origem fraudulenta. O que significa que a cada R$ 1 mil em pedidos, R$ 22,40 estavam relacionados às compras feitas por estelionatários.

Todos os anos as fraudes se tornam mais criativas e nos surpreendem de alguma forma, com novas técnicas de phishing e engenharia social. Mas um tipo de crime muito comum são as páginas de e-commerces falsas, onde o fraudador cria uma página de produto idêntica ao de um grande varejista, porém em outro domínio. Sem perceber a diferença e acreditando estar realizando a compra em uma loja confiável, o usuário faz o pedido e, em seguida, recebe no seu e-mail um boleto fraudado. É preciso ficar atento aos detalhes na hora de realizar um pagamento.

Todo boleto emitido é registrado pelo banco emissor na Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), com dados do beneficiário e do pagador. Portanto, os consumidores têm que se certificar de que o nome do beneficiário e o CNPJ estão no nome da loja ou da processadora de pagamentos utilizada pelo e-commerce. Também é necessário evitar ao máximo “varejistas” com a intenção de finalizar a compra em aplicativos de conversas, para tentar convencer o cliente a fazer uma transferência bancária com um desconto imperdível.

Ainda é cedo para saber qual será a participação do Pix na Black Friday, já que a estreia do novo meio de pagamento é recente. Para os lojistas que pretendem oferecer o pagamento instantâneo na sua loja virtual, é importante conferir que todas as funcionalidades do site – especialmente no checkout – estejam amplamente testadas e 100% operacionais para garantir transações seguras.

Um outro tipo de fraude que afeta o lojista, mas não o consumidor, é o sequestro de estoque, que ocorre quando o concorrente adquire uma grande quantidade de produtos da loja usando o boleto bancário, mas não efetua o pagamento. Como o comerciante é obrigado a reter a mercadoria até a data de vencimento da cobrança, o estoque se esgota rapidamente, forçando os consumidores a buscarem outra loja. Ou seja, no final das contas quem sofreu o golpe deixa de vender na data mais importante do varejo.

Cuidado e atenção são sempre muito importantes na hora de realizar uma compra online. Ainda assim, somos capazes de nos divertir e aproveitar a Black Friday. Independe de qual lado do balcão você está – se é do consumidor ou do lojista – saiba que ainda dá tempo de terminar 2020 com boas compras e boas vendas. É o que desejo a todos!

(*) – É CEO e cofundador da PagBrasil, fintech brasileira líder no processamento de pagamentos para e-commerce ao redor do mundo.