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Startups: investir em governança corporativa para se manter no mercado

em Mercado
segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Yvon Gaillard (*)

Você notou o crescimento de novas startups no Brasil nos últimos anos? Essa expansão não foi acompanhada por um requisito fundamental para o sucesso dos negócios em longo prazo: a governança corporativa. Ela se refere à forma como uma empresa opta por se governar e é acompanhada por um conjunto sólido de regras que fornecem direção e controle para atingir seus objetivos.

Um estudo feito pela Better Governance mostra que enquanto 60,1% das startups dizem estar nas fases mais avançadas de amadurecimento do negócio, apenas 17,6% se encontram nos estágios mais maduros de governança, e a maioria (82,4%) ainda está nas etapas iniciais. Mais do que simples indicadores, esses números são um alerta para a alta taxa de mortalidade das startups.

Segundo um levantamento feito pela Fundação Dom Cabral, uma a cada quatro companhias novatas acabam no primeiro ano de vida, e metade não ultrapassa o quarto ano. Então, como minimizar esses dados preocupantes? Para isso, é essencial ter uma boa governança. Sua aplicação significa que os processos do seu negócio visam produzir resultados que atendam às necessidades da sociedade e da prosperidade organizacional, fazendo uso estratégico dos recursos disponíveis.

A aplicação constante dessas políticas e princípios busca criar uma cultura corporativa saudável, compatível, transparente e responsável, continuamente revisada e aprimorada para garantir que seu comportamento esteja alinhado com os valores que sua organização busca incorporar. A governança corporativa se apoia em quatro princípios básicos:

  • Transparência: tem como objetivo disponibilizar dados e informações constantemente aos stakeholders. Com isso, a organização pode ressaltar sua integridade e ética perante as partes interessadas.
  • Equidade: esse princípio prevê que, independentemente do nível de participação na empresa ou cargo ocupado, todas as pessoas devem ser tratadas de forma justa e equânime.
  • Prestação de contas (accountability): esse princípio conduz a empresa para uma prestação de contas periódica sobre toda movimentação econômico-financeira de forma clara.
  • Responsabilidade corporativa: engloba todo o impacto gerado pela empresa — incluindo responsabilidade financeira, ambiental, forma de tratamento com os colaboradores, entre outros fatores.

Com o apoio de uma sólida cultura de conformidade, os conselhos de administração podem se beneficiar de várias formas com as melhores práticas de governança corporativa, como: incentivo a um comportamento positivo, redução de custos, melhoria da tomada de decisão, dos controles internos e do planejamento estratégico, além da atração de talentos.

Os investidores estão cada vez mais exigentes na seleção das startups. Apostar em processos de governança corporativa bem estabelecidos faz com que sua empresa tenha uma boa reputação no mercado, além de tornar os negócios mais eficientes.

(*) – Economista e cofundador da Dootax, startup pioneira na automação de rotinas fiscais (https://dootax.com.br/).