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Se acabar a luz, você trabalha?

em Mercado
quinta-feira, 27 de abril de 2023

Sabrina Brito (*)

Há alguns dias estive no RIO2C palestrando sobre a tecnologia como válvula propulsora da indústria criativa. Levei alguns exemplos de plataformas que ajudam muito ou fazem por você o trabalho de diferentes criativos: redatores, designers, ilustradores, editores e por aí vai. Nem tudo tem inteligência artificial envolvida, mas todas entregam trabalhos destes profissionais com velocidade. Podemos prototipar ideias incríveis e mirabolantes com agilidade e baixo ou nenhum custo.
Essas plataformas possuem versão free que já satisfazem os amadores e versão paga normalmente contratada por especialistas ou empresas (deveria ser ao contrário).

São elas Canva, Quick, ChatGPT, Runway, Midjourney, Spotify etc., e as próprias redes sociais, que apresentam cada vez mais recursos de criação para amadores e profissionais.

Isso tudo vem incomodando muitos profissionais criativos, que passaram a se sentir menos valorizados e muitos inclusive menos requisitados, já que a prateleira está aí para todos.

Sou especialista em comunicação e tecnologia e CEO da Simples, onde faço a gestão de uma equipe criativa multidisciplinar. Recentemente notei que vinham uns textos com erros bobos e estranhos e ao investigar descobri que o redator estava usando o ChatGPT. Não tendo ele conhecimento profundo sobre o assunto, deixou passar partes incorretas. O que podemos aprender com isso? Evite usar “somente” o ChatGPT antes de dominar 100% o assunto. Procure pesquisar em diferentes fontes para ter certeza que a informação ou artigo recebido está certo. Precisamos ter conhecimento e capacidade de discernimento para usar essa e outras destas incríveis ferramentas.

Um layout, uma edição, um roteiro ou artigo, uma ilustração, um cenário…. Tudo isso tem na prateleira das novas plataformas, prontos. É só entrar, pegar e usar. O problema é que essa facilidade está empobrecendo a comunicação. “Tá ficando tudo igual! Uma vez que as pessoas já buscam algo pronto pra copiar ou adaptar, por sua marca e publicar.” Isso foi um comentário muito verídico do Marcos Silveira, um publicitário fera com diversos trabalhos consagrados ao longo de sua carreira. Atualmente é fundador e professor no Instituto de Propaganda, reconhecido e chancelado por Harvard.

Agora, se você é um profissional criativo que pensa e cria tendo experiência e conhecimento especializado, seja um designer, editor ou redator, a sua expertise aliada às possibilidades e velocidade que essas plataformas proporcionam será um GRANDE diferencial.

Ainda em abril eu estava no evento Thinking Digital, da Assespro-RJ, onde sou vice-presidente de marketing e eventos, e a discussão ferveu entre opiniões que acreditam que o futuro é não precisarmos mais fazer nada! E outros que não acreditam nesse cenário e dizem que então teremos que ser criativos para inventar o que fazer.

Mais detalhadamente: de um lado parte dos presentes no evento acreditam que a IA vai dominar a humanidade uma vez que ela copia, modifica e melhora tudo e vai ficando cada vez melhor, então em algum determinado momento não seremos mais necessários para nada…. Ou a maioria de nós não será. Só os mais inteligentes, articulados e estudiosos seriam capazes de trabalhar nesse futuro… E uma outra parte dos participantes acham que é apenas mais um grande salto para uma profunda revolução mas que no fim, o homem sempre será necessário para gerir e acompanhar os resultados com Visão analítica e crítica o suficiente para se sobrepor à inteligência artificial. E que ainda que a humanidade viva no ócio, aí sim seremos ainda mais criativos, afinal o ócio é o terreno fértil da criatividade!

Eu fico nesse segundo time, mais otimista sobre nosso futuro e quero dar um recado aos profissionais criativos, seja do audiovisual, da música, da publicidade, da literatura, da pintura. NÃO hesite, usufrua disso tudo. Um amador não tem seu olhar e conhecimento. Ele vai pegar pronto na prateleira e o produto ou serviço dele vai passar batido. Você pode abrir essa prateleira também se quiser, mas para pôr em prática uma ideia genial! Entende a diferença?

Ao fim, refletindo sobre tudo isso resolvi fazer a seguinte pergunta à inteligência artificial, via ChatGPT: “se acabar a luz, você trabalha?” E ele respondeu: “Como assistente virtual, eu não sou afetado por quedas de energia, pois sou um programa que está sempre em execução no servidor”.

Então eu perguntei já sabendo a resposta: “o servidor trabalha sem energia?” E ele respondeu o óbvio: “Não, o servidor também depende de energia elétrica para funcionar”

Agora é pra você…. Se acabar a luz, você trabalha?

(*) É Vice-presidente de marketing e eventos na Assespro-RJ e CEO da Simples Agência.