O avanço da Covid-19 pelo mundo tem provocado uma onda de demissões. E, segundo pesquisa da OIT, 24,7 milhões de pessoas podem perder o emprego como consequência direta ou indireta dessa pandemia. Diante desse cenário, é comum que o desespero tome conta de quem já perdeu o emprego por causa dessa crise e ainda daqueles que receiam que isso também aconteça com eles. E, é nesse momento que é essencial ter inteligência emocional e saber lidar com as emoções.
Júlia Lobo, diretora da Febracis Belo Horizonte, instituição de Coaching Integral Sistêmico (CIS), com foco no desenvolvimento da inteligência emocional, explica que a dificuldade em lidar com situações como essa, pode vir do conjunto de crenças acumuladas pelo indivíduo durante a vida. “São aprendizados deixados por um processo de repetição ou por eventos que exercem grande impacto emocional na vida de um indivíduo ainda na infância. Na fase adulta vivemos a primazia das nossas crenças de forma inconsciente, podendo afetar a identidade, a capacidade e o merecimento em longo prazo”, esclarece.
A especialista acrescenta que, além de prejudicar a saúde mental, as crenças limitantes são obstáculos na busca por objetivos atuais e futuros. Ela garante, porém, que é possível reprogramá-las e que isso é de grande valia, principalmente quando a pessoa passa por uma situação difícil como a perda de um emprego, por exemplo. “Nosso cérebro possui a capacidade de reaprender constantemente, me refiro a neuroplasticidade.
O segredo é investir no autoconhecimento e ferramentas práticas do coaching integral sistêmico, que permitem trazer à nossa consciência os nossos aprendizados e crenças limitantes e criar novos caminhos neuronais capazes de trazer mudanças comportamentais significativas que impactam nossas emoções e resultados”, diz. Julia acrescenta que quando paramos para analisar a origem dessas crenças, somos capazes de criar novos aprendizados, a partir de um novo ciclo de repetições em nossa comunicação, pensamentos e sentimentos.
Com as crenças reprogramadas e a inteligência emocional bem desenvolvida, o profissional consegue visualizar oportunidades e a busca pela recolocação no mercado tende a ser menos emocionalmente desgastante, além das chances de sucesso serem ampliadas. E, segundo Júlia, as pessoas podem aproveitar esse momento de isolamento provocado pelo coronavírus para isso.
“Os profissionais podem fazer cursos com ferramentas práticas, atualizarem currículos, portfólio, lerem, se conhecerem melhor. É importante se ter em mente que, apesar do objetivo final ser um novo emprego, não alcançá-lo de imediato não é sinônimo de fracasso. O sucesso está mais relacionado à certeza de que se está indo na direção certa”, orienta, ao destacar a importância de se ter uma mentalidade positiva. “Adquirir uma postura de aprendizado diante da adversidade é fundamental para preservar a saúde mental, que será extremamente valiosa quando os objetivos forem alcançados”, conclui.