Gigantes do entretenimento conectam digital ao presencial para gerar mais valor
Sandro Magaldi (*)
A Netflix, gigante global de serviços de streaming, surpreendeu o mercado ao anunciar um crescimento de receitas para US$ 8,5 bilhões no terceiro trimestre de 2023, superando as projeções. Esse sucesso não é apenas resultado de uma base crescente de assinantes, que agora somam 238,39 milhões, mas também de uma estratégia inovadora que abrange muito mais do que conteúdo digital.
Uma das iniciativas estratégicas que mais chama atenção é como a empresa está diversificando seu modelo de negócios. Além das receitas provenientes das assinaturas, a comercialização de publicidade já apresenta os primeiros resultados positivos e aponta para uma nova perspectiva para a Netflix, que está revendo o formato dos modelos de assinatura disponibilizados de olho na expansão de sua base — o que representa oportunidades de ampliação de seu estoque de anúncios.
Em outra frente, a companhia está buscando reforçar sua conexão com seus clientes proporcionando novas experiências, como a Netflix Bites, que começou a operar em Los Angeles e tem o modelo de um restaurante temático que oferece aos visitantes uma imersão no universo dos programas e filmes mais populares da plataforma. Cada detalhe, desde o cardápio até a decoração, é cuidadosamente projetado para evocar a essência das produções da Netflix, criando uma conexão emocional mais profunda com os fãs.
Nessa mesma linha, a empresa anunciou que em 2025 deve inaugurar a Netflix House nos Estados Unidos. Serão espaços multifuncionais, combinando varejo, gastronomia e entretenimento. A ideia é criar um ambiente onde os fãs possam se conectar com seus programas e filmes favoritos de maneiras inéditas. É uma experiência que transcende a visualização passiva da plataforma digital, convidando os fãs a fazerem parte do mundo Netflix.
Interessante observar que, enquanto a Netflix expande seu universo para o contato presencial, sua principal concorrente, a Disney, adota um caminho inverso, aproximando-se do modelo digital da Netflix com seu próprio serviço de streaming. Esse movimento espelhado ilustra a importância da evolução constante no modelo de negócios em um ambiente de transformações rápidas e dinâmicas.
A expansão para o mundo físico representa mais do que uma nova fonte de receita para a empresa: é um movimento estratégico para fortalecer a conexão com os clientes. Ao criar espaços que oferecem experiências imersivas e produtos relacionados aos seus conteúdos, a Netflix está capturando mais valor do seu ecossistema e intensificando a relação com seu público.
Essa abordagem híbrida, mesclando experiências digitais e físicas, é um reflexo da adaptabilidade e da inovação necessárias para empresas que desejam manter-se relevantes e competitivas. A capacidade de gerar novas fontes de receita, a partir dessas interações aprofundadas com os clientes, não só fortalece a marca, mas também cria um caminho sustentável para o crescimento a longo prazo.
A lição aqui é clara: a evolução constante e a flexibilidade são essenciais para sobreviver e prosperar no mundo dos negócios modernos. A Netflix, com sua estratégia de conectar o digital ao presencial, está definindo um novo padrão de inovação e adaptabilidade no mercado de entretenimento.
(*) Especialista em transformação de negócios sob os pilares de gestão estratégica, liderança e cultura organizacional, atuando como escritor, pesquisador, palestrante e conselheiro empresarial. É coautor dos best sellers “Gestão do Amanhã”, “Liderança Disruptiva” e “Novo Código da Cultura”, além de outros seis livros de negócios.