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Bets podem deixar crédito mais caro

em Mercado
segunda-feira, 23 de setembro de 2024

As apostas on-line têm sido alvo de inúmeros estudos e reflexões do mercado sobre o impacto no consumo e endividamento da população. De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) com a AGP Pesquisas, 63% das pessoas que fazem apostas on-line tiveram sua renda comprometida.

Para Eduardo Tambellini, consultor de negócios da FICO, líder global em soluções de análise preditiva e gerenciamento de decisões, o comprometimento da renda da população em “jogos de azar” resulta, no futuro, em inadimplência e transforma o modelo de gerenciamento de risco e avaliação de crédito das instituições financeiras.

“As apostas já impactam cerca de 1,38% do orçamento familiar do brasileiro de menor renda, de acordo com a PwC. O brasileiro que ganha um salário mínimo em uma cidade como São Paulo, por exemplo, já tem comprometido uma parte importante de seu rendimento em despesas básicas de água, luz, moradia e alimentação. Se as apostas continuarem crescendo em ritmo acelerado como estão agora, podemos ter, em breve, um cenário de inadimplência alta nas despesas básicas”, explica.

Além disso, o comportamento transacional dos devedores também é levado em consideração na hora de conceder crédito e, o hábito de destinar dinheiro a jogos de aposta, pode ser um dificultador e um sinalizador de atenção para as instituições financeiras. O crédito poderá ficar mais caro para este perfil de cliente.

Caso essa previsão se concretize, outra tendência é que os processos de cobrança e de solicitação de crédito aumentem. Para lidar com esse crescimento, a tecnologia pode trabalhar a favor do mercado e, a partir da identificação desses perfis “apostadores”, os credores podem criar estratégias de comunicação que se antecipem à inadimplência e cobrança, gerando uma relação consultiva e positiva junto a esse cliente.

“Com o uso da inteligência artificial e do machine learning e a adesão cada vez maior do open finance, o mapeamento de transações e de perfis de clientes de alto risco está cada vez mais presente nas operações das instituições financeiras.

A discussão sobre o destino do dinheiro para o comércio é apenas a ponta do iceberg. Ao olharmos para a questão e aprendermos com situações passadas, o endividamento deixará o crédito mais caro ou inviável para pessoas mais vulneráveis, um cenário desfavorável para a macroeconomia”, finaliza Tambellini.

A PwC estimou que em 2024, o mercado de apostas esportivas movimentará R$ 130 bilhões. Em 2023 o valor estimado de faturamento foi entre R$ 67,1 e 97,6 bilhões e o gasto dos brasileiros em apostas on-line foi de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões. – Fonte e outras informações: (https://www.fico.com/br/).