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42% dos CEOs estão pessimistas sobre possibilidade de levantar capital no mercado

em Mercado
sexta-feira, 11 de abril de 2025

Nesse cenário, esses executivos que atuam no Brasil consideram cada vez mais fazer parcerias que não demandem capital como joint ventures ou alianças estratégicas, de acordo com estudo da EY-Parthenon

Mais de quatro a cada dez CEOs (42%) que atuam no Brasil demonstram pessimismo com as condições do mercado financeiro e as possibilidades de levantar capital nos próximos 12 meses, de acordo com o estudo CEO Outlook, produzido pela EY-Parthenon. Na comparação com a última edição, de setembro do ano passado, esse número subiu 16 pontos percentuais.

Apenas 8% dos executivos entrevistados estão muito otimistas com o fluxo de capital de investimento no mercado – contra 24% em setembro de 2024. Já 24% afirmam estar um pouco pessimistas – o dobro da porcentagem registrada no levantamento anterior. Na amostra brasileira, foram entrevistados 50 CEOs entre novembro e dezembro do ano passado provenientes de indústrias como de serviços financeiros; consumo e saúde; energia; infraestrutura; e tecnologia, mídia e telecomunicações.

“É nesse contexto de dificuldade de acesso a capital que verificamos pela primeira vez no estudo que 100% das empresas planejam alguma iniciativa inorgânica nos próximos 12 meses, com 78% citando joint ventures ou alianças estratégicas”, diz Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil. “Outras iniciativas nesse sentido têm relação com olhar para a própria empresa, como melhoria de performance e priorização do capital de giro, operando com menos estoque e com prazo mais longo para pagamento e recebimento. Há também o sale and leaseback, que tem como objetivo captar recursos a partir do próprio patrimônio”, completa.

Ainda segundo o especialista, os CEOs precisam estar focados na melhoria operacional enquanto aguardam a melhora do cenário macroeconômico para retomar as aquisições. Apenas 38% dos respondentes pretendem fazer fusões e aquisições nos próximos 12 meses. Como principal fator para justificar uma aquisição, 52% mencionam “melhorar produto e processo de inovação”. Na sequência, 48% citam “melhorar o engajamento do colaborador e sua retenção”.

Agenda de prioridades

O levantamento traz que as duas principais prioridades nos próximos 12 meses dos CEOs entrevistados são reduzir custos, com 42% das respostas, e acelerar o crescimento dos principais serviços ou produtos oferecidos pela empresa, que recebeu a mesma porcentagem de preferência. Na sequência, com 40% das respostas, vem “melhorar o engajamento do cliente e sua retenção”. Em terceiro lugar, duas respostas aparecem empatadas com 38%: otimizar a operação e melhorar a produtividade, incluindo a digitização (processo de passar do formato analógico para o digital), e melhorar o engajamento do colaborador e sua retenção.

“A preocupação é gerar caixa por meio da melhora do desempenho da empresa, mantendo dessa forma o nível de investimento, sem precisar buscar esses recursos no mercado, já que esse movimento está difícil neste momento. Há uma escassez no acesso ao capital desde a pós-pandemia”, explica Berbert.

Também faz parte dessa estratégia, segundo o executivo, o desinvestimento de ativos que são auxiliares ou não tão relevantes para a estratégia da empresa, conforme demonstrado pelo estudo que o foco dos executivos está nos produtos ou serviços principais ofertados pela companhia. “É a ideia de deixar as distrações de lado para se concentrar naquilo que realmente faz a diferença para os resultados”, comenta.