
Nesse cenário, esses executivos que atuam no Brasil consideram cada vez mais fazer parcerias que não demandem capital como joint ventures ou alianças estratégicas, de acordo com estudo da EY-Parthenon
Mais de quatro a cada dez CEOs (42%) que atuam no Brasil demonstram pessimismo com as condições do mercado financeiro e as possibilidades de levantar capital nos próximos 12 meses, de acordo com o estudo CEO Outlook, produzido pela EY-Parthenon. Na comparação com a última edição, de setembro do ano passado, esse número subiu 16 pontos percentuais.
Apenas 8% dos executivos entrevistados estão muito otimistas com o fluxo de capital de investimento no mercado – contra 24% em setembro de 2024. Já 24% afirmam estar um pouco pessimistas – o dobro da porcentagem registrada no levantamento anterior. Na amostra brasileira, foram entrevistados 50 CEOs entre novembro e dezembro do ano passado provenientes de indústrias como de serviços financeiros; consumo e saúde; energia; infraestrutura; e tecnologia, mídia e telecomunicações.
“É nesse contexto de dificuldade de acesso a capital que verificamos pela primeira vez no estudo que 100% das empresas planejam alguma iniciativa inorgânica nos próximos 12 meses, com 78% citando joint ventures ou alianças estratégicas”, diz Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil. “Outras iniciativas nesse sentido têm relação com olhar para a própria empresa, como melhoria de performance e priorização do capital de giro, operando com menos estoque e com prazo mais longo para pagamento e recebimento. Há também o sale and leaseback, que tem como objetivo captar recursos a partir do próprio patrimônio”, completa.
Ainda segundo o especialista, os CEOs precisam estar focados na melhoria operacional enquanto aguardam a melhora do cenário macroeconômico para retomar as aquisições. Apenas 38% dos respondentes pretendem fazer fusões e aquisições nos próximos 12 meses. Como principal fator para justificar uma aquisição, 52% mencionam “melhorar produto e processo de inovação”. Na sequência, 48% citam “melhorar o engajamento do colaborador e sua retenção”.
Agenda de prioridades
O levantamento traz que as duas principais prioridades nos próximos 12 meses dos CEOs entrevistados são reduzir custos, com 42% das respostas, e acelerar o crescimento dos principais serviços ou produtos oferecidos pela empresa, que recebeu a mesma porcentagem de preferência. Na sequência, com 40% das respostas, vem “melhorar o engajamento do cliente e sua retenção”. Em terceiro lugar, duas respostas aparecem empatadas com 38%: otimizar a operação e melhorar a produtividade, incluindo a digitização (processo de passar do formato analógico para o digital), e melhorar o engajamento do colaborador e sua retenção.
“A preocupação é gerar caixa por meio da melhora do desempenho da empresa, mantendo dessa forma o nível de investimento, sem precisar buscar esses recursos no mercado, já que esse movimento está difícil neste momento. Há uma escassez no acesso ao capital desde a pós-pandemia”, explica Berbert.
Também faz parte dessa estratégia, segundo o executivo, o desinvestimento de ativos que são auxiliares ou não tão relevantes para a estratégia da empresa, conforme demonstrado pelo estudo que o foco dos executivos está nos produtos ou serviços principais ofertados pela companhia. “É a ideia de deixar as distrações de lado para se concentrar naquilo que realmente faz a diferença para os resultados”, comenta.