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Só a política monetária não vai gerar toda a recuperação

em Manchete
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Alan Marques/Folhapress

Alan Marques/Folhapress

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

São Paulo – O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou ontem (13), que a política monetária sozinha não vai conseguir promover toda a recuperação da economia brasileira. A declaração foi dada durante evento promovido pela Universidade de Columbia, em parceria com a FGV e a FecomércioSP. Segundo Ilan, a política monetária pode trazer um alívio temporário, mas precisa ser acompanhada de outras reformas para garantir que a recuperação será sustentável.
O presidente do BC disse que nem tudo está ruim na economia brasileira. Além da inflação em queda, que permite uma redução mais sustentável dos juros, o sistema financeiro está bem provisionado e líquido, o déficit em conta corrente caiu muito – ontem estava em 1% do PIB – e há um amplo nível de reservas internacionais, de quase 20% do PIB. Ilan afirmou que o Brasil está vivendo “mais incertezas do que todos gostaríamos”. Questionado sobre o risco político, ele afirmou que isso obviamente tem impacto. “Deveríamos trabalhar para reduzir incertezas econômicas e ‘não econômicas’”, disse.
Ele também foi perguntado sobre o impacto da eleição de Donald Trump nos EUA. Ilan respondeu que o efeito observado até agora foi de acelerar a percepção de que os juros por lá vão subir mais rapidamente. Comentou que a eleição gerou uma valorização do dólar e um aumento dos juros nos mercados, mas que mesmo assim os preços de algumas commodities avançaram.
O presidente do BC afirmou que existem dois fatores importantes – entre outros – que ajudam a explicar o alto nível do juro real no Brasil. Um dos motivos é que o juro real subiu juntamente com décadas de aceleração das despesas públicas. O outro é que metade do sistema financeiro opera hoje com taxas de juros subsidiadas, que não são de mercado. “Quase 50% do sistema financeira paga meia entrada, como disse o economista Marcos Lisboa, então quem paga inteira têm de compensar isso”, comentou (AE).