O FT mostra que a despesa média por domicílio caiu 9% entre 2014 e 2016. |
Londres – De de acordo com uma reportagem publicada ontem (8), no site do jornal britânico de economia Financial Times, “os brasileiros estão chegando à conclusão de que a recuperação da profunda recessão do país nos últimos dois anos será muito mais lenta do que o esperado”, trouxe a publicação. O FT cita dados da Euromonitor, que mostram que a despesa média por domicílio caiu 9% entre 2014 e 2016, ao mesmo tempo em que a criação de emprego se tornou negativa e terminou o boom do consumo alimentado pelo crédito.
“O rastreamento de volta será longo e lento”, observou a gerente de renda e despesa da Euromonitor, An Hodgson, ao FT, prevendo que as despesas das famílias ultrapassem seu nível de 2014 somente em 2025, em termos ajustados pela inflação O gasto médio por domicílio foi de cerca de R$ 68 mil em 2014 e caiu para R$ 61,8 mil no ano passado. Este ano, cairá para cerca de R$ 61,4 mil antes de começar a subir novamente.
Uma razão apontada para a recuperação lenta é que ela não será alimentada por dívida. “Houve muita conversa sobre a expansão da classe média, sobre pessoas que deixam a pobreza por meio de gastos com crédito”, lembrou An. Os dados mostram agora “uma mudança de confiança no modelo de crescimento liderado pelo consumo”. A especialista salientou que, desde a crise financeira internacional de 2008/2009, a economia brasileira tem sido muito mais dependente do consumo doméstico do que muitas outras economias emergentes.
A despesa do consumidor como fatia do PIB atingiu o pico de 61,8% no ano passado. A Euromonitor espera que caia mais de um ponto porcentual este ano e continue a cair no futuro previsível. A causa dessa angústia é clara, de acordo com a reportagem: “Depois de anos de criação de empregos, o Brasil vem perdendo vagas no setor formal a um ritmo alarmante”. Para o Financial Times, não foi o consumo doméstico que levou o Brasil à recessão e tampouco o fará sair de lá. O site cita dados negativos da produção industrial, mas traz análises de que os investimentos não podem ser adiados “para sempre” (AE).