Foto de arquivo mostra indígenas da etnia wajãpi. Foto: RCA/Ansa |
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, cobrou ontem (29) uma investigação sobre a morte do cacique Emyra Wajãpi, líder da etnia wajãpi e cujo corpo foi encontrado dentro de um rio em uma área demarcada no Amapá, em 25 de julho. “O assassinato de Emyra Wajãp é trágico e condenável por si só. Também é um sintoma inquietante do crescente problema da invasão das terras indígenas, especialmente nas florestas, por parte de mineradores, madeireiros e agricultores no Brasil”, diz um comunicado.
A alta comissária também instou as autoridades brasileiras a agirem “rápida e eficazmente para investigar esse incidente e levar justiça a todos os responsáveis”. “Apelo ao governo do Brasil que aja de maneira decisiva para deter a invasão dos territórios indígenas e garantir o exercício pacífico de seus direitos coletivos sobre suas terras”, acrescenta. Bachelet também cita o desejo do governo brasileiro de ampliar as áreas de mineração na Amazônia e alerta que isso pode aumentar a “violência, a intimidação e as mortes” na floresta.
O pronunciamento de Bachelet chega pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro ter colocado em dúvida o assassinato do cacique . “Não tem nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades […], buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí”, disse. Já os índios wajãpi afirmam que o cacique foi morto em meio a uma invasão de garimpeiros à aldeia Mariry, no Amapá. Membros da etnia também relatam a presença de invasores armados na região (ANSA).