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Upskilling na prática: como desenvolver as habilidades dos novos futuros

em Manchete Principal
terça-feira, 25 de agosto de 2020

Sylmara Verjulio (*)

As mudanças que impactaram a nossa rotina há mais de quatro meses trouxeram consigo muitos questionamentos de estilo de vida e, claro, no escopo e na forma como trabalhamos. Antes de encararmos uma pandemia e da necessidade de ficarmos isolados socialmente já era comum questionarmos quais seriam as carreiras do futuro.

E ficarmos dividimos entre a preocupação e a admiração com a possibilidade de tantas mudanças porque o cenário era de um mundo VUCA (acrônimo das palavras em inglês: Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity), ou seja, volátil, incerto, complexo e ambíguo. Pois bem, as transformações que estamos vivendo, por exemplo, com a digitalização de ofertas e modelos de negócios, bem como o surgimento de novas oportunidades, intensificaram a necessidade de os profissionais aprenderem novas habilidades.

Man and wooden cubes on table. Management and marketing concepts

Mas, priorizar o que aprender e como aprender é um grande desafio. Para aprimorar nossas habilidades (upskilling) e aprender habilidades inteiramente novas (reskilling) o primeiro passo é aprender a aprender. Estar consciente das nossas dificuldades (GAPs) e buscar nosso aperfeiçoamento, assim como a amplitude de nossa atuação se faz muito necessário para resolver os problemas cada vez mais complexos.

A pandemia do Covid-19 só reforçou o quanto precisamos ser flexíveis para desaprender conceitos, métodos e ferramentas que se tornaram obsoletas e transdisciplinar para rapidamente aprender novas formas de fazer nosso trabalho, ter repertório e criatividade para gerar movimento ágil. A aprendizagem não é um produto, um curso, o consumo de um conteúdo. Aprender é um processo e uma das formas mais eficientes de fazer upskilling naturalmente é a experimentação, começar a cocriar em times multidisciplinares é uma boa dica.

Quando olhamos as habilidades listadas para “os futuros” (porque existem muitos cenários possíveis) temos em geral: criatividade, letramento digital, conhecimento de novas tecnologias, pensamento crítico, adaptabilidade, resiliência, colaboração e flexibilidade cognitiva.

Tudo começa com um problema real a ser resolvido por um time diverso e conectado por um mindset colaborativo. Especialistas de diferentes habilidades olhando para o mesmo problema e extraindo possibilidades e insights preciosos. Esse trabalho colaborativo ajuda na expansão dos horizontes de todos os envolvidos, na ressignificação do próprio problema e na riqueza da solução que será construída. Trata-se de uma aprendizagem que acontece no meio do caminho, como um processo, com grande poder de inovação.

É no ambiente de troca que você identifica melhor suas lacunas de aprendizagem porque tem uma visão 360º da sua atividade. Você passa a olhar sob diversos ângulos e não somente pela sua especialidade quais são os conhecimentos estratégicos para vencer grandes desafios e evoluir. Sem esses gatilhos, você provavelmente faria várias promessas de “temas de interesse” para si mesmo porque teria dificuldade de priorizar, de recortar o que você realmente precisa aprender. Aquelas habilidades que realmente impactam e levam sua entrega a outro patamar.

Quando olhamos as habilidades listadas para “os futuros” (porque existem muitos cenários possíveis) temos em geral: criatividade, letramento digital, conhecimento de novas tecnologias, pensamento crítico, adaptabilidade, resiliência, colaboração e flexibilidade cognitiva. Todas elas conversam muito com a amplitude generalista: quem tiver mais repertório tende a sofrer menos impactos nas transformações.

Isso significa que você não precisa ser especialista em tudo, em todas as áreas que contemplam sua atividade atual ou da carreira que você quer iniciar, mas, recomenda-se que você explore, tenha curiosidade, surfe pelas disciplinas adjacentes às suas ou até mesmo aquelas mais extremas e passe a ter pensamento crítico, visão holística.

O upskilling e o reskilling é responsabilidade de três atores: trabalhador, empresa e governo. O governo precisa manter a economia girando e, no mínimo, garantir um menor abismo entre os cidadãos qualificados a algum trabalho e aqueles cidadãos que começam a ser inutilizados por futuros altamente tecnológicos, mas sem empatia. As empresas precisam investir (de forma preditiva) para ter times que produzam soluções inovadoras e tenham capacidade para expandir globalmente as produções.

E, o trabalhador, precisa ser um camaleão, o “ninja da adaptabilidade” e se reinventar sempre. Investir na capacidade de se conectar, de aprender e de ampliar. Alguns profissionais poderão ter receio de trocar de carreira de tempos em tempos. Mas, a transição será quase inevitável: estamos no início de uma grande revolução do trabalho, com novos mercados, novos cenários, novos modelos de negócios, novos produtos, novas tecnologias. Que tal olharmos o copo meio cheio e levarmos bagagem e experiência para novos lugares?

As dicas para alcançarmos o perfil ideal, que é o de eternos aprendizes são: aprender a aprender; atuar em redes colaborativas; hackear conhecimentos de outras especialidades; sair da zona de conforto envolvendo-se na resolução de problemas complexos; experimentar (e errar); aprender no fluxo da vida (social e informalmente); priorizar as habilidades que te dão amplitude; se especializar naquilo que fizer muito sentido; cogitar a troca de carreira e se preparar para isso acontecer com naturalidade.

(*) – Formada em Comunicação Social, com pós em Tecnologias de Aprendizagem, é designer thinker e maker na co-construção de futuros mais empáticos e storyteller de bots, além de Head de Inovação na Afferolab.