Após conversar com o ministro da Advocacia-Geral da União, Fábio Medina Osório, ontem (6), o presidente em exercício, Michel Temer, decidiu mantê-lo no cargo. Temer relativizou as declarações de Osório e optou por dar sobrevida ao ministro. A decisão também visa “interromper o ciclo” de que a cada denúncia ou crítica a alguém ligado a seu governo acarrete em uma baixa.
Nas duas últimas semanas, o governo sofreu duas baixas com a saída de Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). O receio de ampliar o desgaste e gerar mais uma nova turbulência acabou beneficiando os titulares de pastas envolvidos em polêmicas. Além de Osório, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e a secretária das Mulheres, Fátima Pelaes permanecerão nos cargos.
Osório foi alvo de inúmeras críticas de auxiliares diretos do presidente em relação à sua atuação. “Ele ficou deslumbrado com o cargo e agiu de forma indevida em muitos casos”, comentou um interlocutor do Planalto ao lembrar que até os servidores da própria AGU já fizeram chegar à Presidência inúmeras críticas a ele, pelas suas ações.
Temer reuniu-se com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) para também avaliar a situação de outros dois casos de autoridades de seu governo que estão na berlinda. Embora o pedido de investigação e as citações ao ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves na Operação Lava Jato preocupem o governo pelo desgaste que causa, a avaliação no encontro entre a cúpula era de que não haveria fato novo em relação às investigações que estão sendo feitas.
Segundo a força-tarefa, Alves atuou junto à empreiteira OAS para obter recursos para sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte em 2014. O dinheiro teria sido desviado da Petrobras. A denúncia foi encaminhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF em abril. O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, teria participado da negociação com o então presidente da OAS, Léo Pinheiro. O ministro, que perdeu as eleições em 2014, nega qualquer irregularidade.
No caso da secretária das Mulheres, Fátima Pelaes, que a situação também é considerada delicada, mas o governo também optou por não ceder as pressões. Além do problema que Fátima tem com a Justiça, a avaliação é que há o bombardeio de petistas e movimentos sociais que querem a sua saída pela sua posição em relação ao aborto. Fátima é alvo de investigação na Justiça Federal por supostamente haver participado de um esquema de desvio de R$ 4 milhões em verbas no Ministério do Turismo, objeto da Operação Voucher, da Polícia Federal, iniciada em 2011 (AE).
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