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Cultura de inovação: 5 elementos que geram impacto positivo

em Manchete Principal
quinta-feira, 24 de março de 2022

César Costa (*)

Cultura é um termo que cabe em contextos bastante variados. Faz referência aos hábitos e conhecimentos de um determinado local ou grupo, que pode ser desde um movimento artístico até os costumes de uma região. Em todos os casos, a cultura só tem sentido com a interação entre pessoas. Este é o ponto que sustenta a cultura de inovação: promover comportamentos que impulsionam a geração de ideias e resolução de problemas.

De forma sucinta, a cultura de inovação abrange práticas e valores que promovem características como criatividade, imaginação, geração de ideias e disseminação de conhecimento. Em um ambiente em que este tema prevaleça, as pessoas se sentem instigadas a colaborar e não encontram barreiras para tornar isso realidade.

É importante ressaltar que não pode ser algo passageiro. Ao contrário, deve fazer parte da essência de um ecossistema, de modo que essa conduta seja integrada naturalmente ao comportamento das pessoas. Em empresas, isso significa que desde a liderança até novas contratações seguem os mesmos princípios.

Outro ponto essencial é que cultura de inovação não se limita à teoria, mas também envolve a descrição de mecanismos e processos. Todas as pessoas da equipe devem saber como assumir uma postura inovadora, identificar problemas, questionar o status quo e propor soluções disruptivas.

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Você pode se perguntar se há como aplicar os novos hábitos em todos os tipos de empresas. A resposta é sim! Não importa o porte ou o segmento em que atua: inovação é crucial para qualquer negócio permanecer competitivo no mercado. Em um cenário globalizado e tecnológico, as mudanças acontecem muito rapidamente e perdê-las de vista significa se distanciar das demandas vigentes.

Uma empresa não pode permanecer igual enquanto tudo ao seu redor muda. A cultura de inovação permite que esse movimento contínuo seja integrado à estrutura do negócio. Mas como desenvolver uma cultura de inovação? Vamos nos ater aos aspectos práticos daqui em diante.

Para desenvolvê-la, é preciso atuar em várias frentes, de modo a garantir um ambiente de suporte, além de uma organização interna que oriente o comportamento das pessoas. Veja a seguir quais são os 5 principais elementos que compõem uma cultura de inovação gerando impacto positivo.

  1. – Diretrizes e processos – As pessoas precisam se sentir à vontade para mostrar quem são e como podem contribuir com o ecossistema. Mas isso não quer dizer que o ambiente não pode ter qualquer tipo de estrutura norteadora. A descrição de diretrizes e processos explica a cultura de inovação para todos os membros do grupo.

Nesse documento podem ser incluídos objetivos, direitos e deveres, além de fluxos que indiquem como manter uma continuidade no processo criativo. As diretrizes não têm a finalidade de engessar as pessoas, mas guiá-las no sentido de objetivos comuns.

  1. – Metodologias ágeis – A função central das metodologias ágeis é reduzir as incertezas que são inerentes à inovação por meio de rápido desenvolvimento e testagem.

Bastante utilizadas por startups, as metodologias ágeis podem ser aplicadas por qualquer ecossistema de inovação para validar problemas, evitar o desperdício de recursos e criar soluções efetivas. Alguns exemplos dessas metodologias e ferramentas que auxiliam no processo são SCRUM, Lean Startup, Design Thinking, Kanban, XP e Caminho Empreendedor.

  1. – Capacitação – Não há como desassociar inovação de capacitação. O conhecimento amplia o olhar, desperta o pensamento crítico e abre um panorama vasto de possibilidades em relação à geração de ideias. Se as pessoas conhecem os aspectos técnicos da área em que atuam, refletem sobre temas de interesse coletivo e se familiarizam com as ferramentas utilizadas em processos criativos, elas se sentem mais aptas a colaborar.
  2. – Ambiente e infraestrutura – Ambientes físicos ou digitais que promovem a integração e a troca livre de ideias e experiências certamente auxiliam no processo criativo. Muitas empresas estão apostando no conceito de fígital — união do físico e digital — para trazer ainda mais flexibilidade às práticas de inovação.

Por outro lado, quando a atmosfera do lugar tem excesso de formalidade, as pessoas tendem a se comportar de forma mais mecânica. Infraestrutura também é um fator importante na cultura da inovação.

As pessoas devem ter acesso aos instrumentos que precisam para criar e testar propostas, caso contrário, encontrarão mais barreiras para materializar suas ideias.
Além disso, é difícil imaginar inovação de impacto nos tempos atuais sem o suporte da tecnologia, seja para coleta de dados ou desenvolvimento de soluções.

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  1. – Gestão horizontal – Esse é um ponto importante no meio corporativo. Empresas que possuem estruturas convencionais costumam praticar uma gestão verticalizada, em que o poder de decisão se concentra apenas em pessoas que ocupam determinados cargos. Esse modelo desencoraja a inovação porque restringe a autonomia das pessoas.

Na gestão horizontal, mesmo que ainda existam cargos estabelecidos, as pessoas sabem que estão em um patamar equivalente no que se refere à inovação. Podem expressar os seus pontos de vista, sugerir ideias e, até certo ponto, tomar a decisão de testar novas soluções. Uma gestão horizontal só é possível em um ambiente com tolerância a erros.

Com isso, inovar não se trata exclusivamente de criar produtos e serviços novos, mas também de aperfeiçoar o que já existe ou desenvolver novas formas de acesso. É possível, por exemplo, pensar em soluções para levar um produto típico de uma localidade a mais pessoas, ou aplicar tecnologia em processos artesanais de produção sem descaracterizá-los.

Ou seja, uma empresa pode atuar como agente impulsionador da região em que está situada, promovendo não apenas a sua própria sustentabilidade, mas também o fortalecimento da economia local.

(*) – Mestre em Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade pela UFRGS, com management na Lund University, na Suécia e Strategic Management & International Business na University of La Verne, nos EUA, é sócio da Semente Negócios (https://www.sementenegocios.com.br/).