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BC: inflação é cadente, mas é importante considerar riscos

em Manchete Principal
quinta-feira, 31 de março de 2016

Houve uma “surpresa inflacionária bastante forte”, em janeiro, explicou o diretor de Política Econômica do BC.

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Altamir Lopes, disse ontem (31) que é possível fazer a inflação convergir para abaixo do teto da meta (6,5%) este ano. A afirmação foi feita mesmo com a divulgação de projeção do BC de que a inflação, medida pelo IPCA, para este ano deve ficar acima do teto da meta, em 6,6%.
Para ele, a estimativa de 6,6% “é um ponto central de um leque de possibilidades”. “Acreditamos que vai convergir para um ponto abaixo de 6,5%. Hoje, você observa uma trajetória de expectativa cadente”, disse.
Lopes destacou que, mesmo com a projeção acima do limite superior, há uma redução da inflação em relação ao ano passado, quando ficou em 10,67%. “Isso não é pouco. Mostra a efetividade da política monetária. O trabalho do Banco Central está sendo feito e bem feito”, argumentou. E que o aumento da projeção para este ano de 6,2%, divulgada em dezembro, para os atuais 6,6% foi influenciado pela inércia inflacionária e aumento significativo de alguns preços, como de ônibus urbanos e medicamentos. Houve uma “surpresa inflacionária bastante forte”, em janeiro deste ano, explicou.
Lopes destacou que há a expectativa do BC e do mercado que haja redução da inflação, a exemplo do setor de serviços. “Estamos vendo com muita clareza a desinflação que se observa no setor de serviços. Vamos ver uma desinflação mais pronunciada nos meses à frente”. Sobre o efeito do câmbio na inflação, disse que é preciso saber em qual patamar vai se estabilizar a cotação, mas a expectativa é de ter um dólar mais estável este ano, diferentemente do que se observou em 2014 e em 2015. Acrescentou que a estabilidade favorece o alcance dos objetivos de reduzir a inflação.
Questionado sobre o fato de o mercado continuar prevendo queda da Selic, reforçou que o BC não trabalha com a possibilidade de flexibilização de política monetária. “O mercado que se ajuste”, afirmou. Lopes disse ainda que, pelo cálculo do resultado primário estrutural do Banco Central, a política fiscal saiu da zona de neutralidade para expansionista (aumento de gastos). A transparência da explicitação de resultadas das contas públicas e o reconhecimento pelo governo de que a situação é ruim no curto prazo são positivos porque influênciam na melhora das expectativas, finalizou (ABr).