A queda real de 11,33% na arrecadação federal foi a maior do ano. “As previsões já embutiam este desempenho negativo, mas em outubro tivemos um salto um pouco acima e isso está em linha com todos os indicadores macroeconômicos, e o comportamento da arrecadação está em linha com o desempenho ruim da economia”, disse o chefe do centro de estudos tributários e aduaneiros, Claudemir Malaquias.
Segundo ele, em outubro, as empresas que vinham efetuando recolhimento diminuíram. “A economia tem certa inércia e hoje a trajetória é descendente”, afirmou Malaquias. A queda nas vendas no comércio varejista afetou o recolhimento com PIS/Cofins e lucro presumido, segundo o coordenador de previsão e análise, Raimundo Elói. “Em outubro, houve redução nas vendas do comércio e, consequentemente, no faturamento”.
Para Malaquias, a arrecadação com PIS/Cofins é sensível ao comportamento do varejo, que sofreu forte queda. O mesmo foi verificado com a arrecadação do Imposto de Renda, receitas previdenciárias e PIS/Cofins, que refletem o fraco desempenho da arrecadação divulgado ontem (17), pela Receita Federal.
Segundo Malaquias, o resultado negativo do lucro presumido significa que a retração da atividade econômica está alcançando todas as empresas. “A gente não vê nenhum segmento que não está sendo afetado pela retração da atividade”, disse Malaquias ao afirmar que o governo irá rever a estimativa de arrecadação na próxima revisão orçamentária que acontecerá até 22 de novembro.
De acordo com Elói, “agora teremos outra revisão em 22 de novembro e pode ser que não haja mudança importante no que já está considerado”, afirmou, ao considerar que a revisão que acontecerá pode não ser tão grande porque o governo já considerava a queda tão expressiva de outubro.
Estimando um resultado final para este ano, Malaquias prevê que a arrecadação do ano deve cair mais do que os 3% estimados para o PIB. Quanto à aprovação do projeto que reduz a desoneração da folha de pagamento, acredita que a política ainda não teve efeito e deverá ter impacto só no ano que vem. Segundo a Receita, o setor atacadista é um dos que apresentaram maior queda no acumulado do ano. De janeiro a outubro, a arrecadação com o setor apresentou uma queda de R$ 4,148 bilhões (AE).
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