Seguir as tendências de moda, usar aqueles looks que são destaques na estação nem sempre são tarefas fáceis para muitas brasileiras. E não estamos falando de saber compor, combinar cores, tecidos ou criar um estilo, mas sim, de olhar na vitrine aquela peça dos sonhos, imaginá-la no corpo e, ao experimentá-la, não ficar como queria.
Essa é a realidade de muitas brasileiras e brasileiros que fogem aos padrões estabelecidos pela indústria da moda. Mulheres de estatura mais baixa, mais magrinhas, mais altas, no perfil plus size encontram dificuldades para encontrar roupas “fora dos padrões”.
Maria Gisele de Souza Gomes, estudante de 20 anos, ganhou destaque nas redes sociais justamente por divulgar o seu dia-a-dia e as dificuldades que tem por ser magra. Moradora de Pernambuco, a jovem tem 1,59 cm de altura e pesa 35 kg. Ela relata aos seus seguidores que para comprar roupas é preciso visitar a seção de peças infantis ou levar à costureira para apertar.
E geralmente, quando tem algum evento, as roupas precisam ser escolhidas com bastante antecedência para dar tempo de personalizar. A repercussão das divulgações da estudante foi imediata. Muitas mulheres se identificaram com ela, na tentativa de ganhar uns quilos a mais para ficar mais fácil comprar roupas do jeito que gostariam.
Mulheres diferentes, com corpos distintos, com problemas que se assemelham. Os tamanhos P, M, G mudam de marca para marca, de modelagem para modelagem. E aquele cropped maravilhoso que ficou lindo em uma, claramente não fica bom em outra. Há um movimento em pleno crescimento para democratizar a moda. Foi impulsionado pela moda Plus Size e agora amplia também para outros biotipos das brasileiras. As marcas estão mais atentas a diversidade e também a inclusão, proporcionando uma maior autoestima do público, muitas vezes, deixada de lado por estar fora dos padrões.
A empresária Isabela Caritá, proprietária da Isa Caritá Brand, em São Paulo, sentiu por muitos anos na pele essa dificuldade em encontrar roupas no estilo que gostava. Ela conta que aos 14 anos, queria usar peças mais modernas, joviais, mas como era muito magra só encontrava roupas infantis ou muito grandes.
“É frustrante você gostar de uma determinada peça, se imaginar compondo um look com ela e, não encontrar do seu tamanho. Percorrer lojas e lojas e nada te agradar porque nada serve”, afirma.
E foi com base nesta experiência que a empresária decidiu personalizar suas produções. A partir de agora, qualquer roupa das coleções Isa Caritá Brand pode ser confeccionada com o tamanho personalizado para cada tipo de corpo. “Gostou de uma blusa na vitrine, mas sabe que não vai servir? Fazemos exatamente aquela peça da coleção, do tamanho da cliente, sem custos adicionais por isso. O objetivo é proporcionar que qualquer cliente que goste das peças que confeccionamos possa utilizá-las”.
“É preciso ter essa adaptação. São as roupas que precisam ser adaptadas aos corpos e não os corpos às roupas. A moda impacta na autoestima das pessoas. E muitas vezes, estar com a autoestima elevada foge completamente do padrão atual da moda”, diz Isa. Por dois anos, técnicos do Senai/Cetiqt avaliaram cerca de 7 mil brasileiras que vestem numerações do 34 ao 62 em diferentes regiões do país. A pesquisa foi feita para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
O estudo teve por objetivo tentar encontrar o principal formato do corpo das brasileiras e indicou que a maioria (76%) tem o formato retangular — com busto, cintura e quadril alinhados. A pesquisa foi divulgada no final de 2021. Atualmente, segundo a pesquisa, a minoria das mulheres que possuem o formato do corpo ampulheta é a que encontra roupas com mais facilidade. – Fonte e mais informações: (https://www.isacaritabrand.com.br/).