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Mesmo com flexibilização, não é momento de relaxar nas finanças

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segunda-feira, 20 de julho de 2020

O fechamento do comércio, e consequente retração dos gastos diários, foi compensado em parte com novas soluções de consumo, em especial, aplicativos de compras, delivery e ecommerce. Com a reabertura plena das atividades econômicas, mesmo com restrições, é momento de se atentar também para a retomada dos gastos. O planejador financeiro CFP® pela Planejar, Nélio Costa, afirma que as compras podem servir para muitos como um consolo emocional, resultando em gastos impulsivos.

“É como comer algo com muito açúcar, que traz um pico momentâneo de felicidade; por isso, as pessoas que ficaram muito tempo em uma situação emocionalmente estressante, agora querem realmente extravasar”. Esse tipo de comportamento é esperado, por isso é necessário redobrar a atenção para ter mais consciência na hora de tomar decisões relacionadas ao consumo. Para a planejadora financeira também certificada (CFP®) pela Planejar, Luciana Fernandes, a angústia de estar restrito em casa gera uma exaustão mental, levando as pessoas a terem menos autocontrole.

“Nós somos estimulados a consumir o tempo inteiro e passamos a desejar coisas que no fundo não precisamos”, afirma. Com o emocional abalado buscando por alívio, as compras se tornam uma opção viável principalmente com o uso e as facilidades do cartão de crédito. Luciana explica que com o uso do cartão, por exemplo, a sensação de perda de dinheiro é menor, o que pode fazer pequenas compras se tornarem uma bola de neve.

“O comportamental nos mostra que nós temos uma aversão a perda muito grande e nisso entra o medo de perder oportunidades; ao ver uma oportunidade de compra, uma promoção, um frete grátis, por exemplo, parece um ótimo negócio e, com isso, criamos justificativas para gastar mais e o cartão de crédito facilita isso, pois não sentimos que o dinheiro está saindo do nosso bolso”.

Nesse contexto, ter um planejamento financeiro pode ser determinante para a tomada de decisões mais conscientes na hora do consumo, mesmo que o objeto de desejo seja considerado supérfluo. “O planejamento financeiro ajuda as pessoas a terem mais saúde financeira. A pessoa não deve ver o dinheiro como um troféu, mas, sim, para usá-lo da forma que quiser com consciência e de acordo com os seus objetivos”, explica Nélio Costa.

De acordo com o planejador, existem dois cenários para o consumo nesse momento de pandemia e isolamento:
1) quem conseguiu reduzir gastos e tem um dinheiro a mais guardado, e 2) quem teve renda reduzida e ainda assim quer gastar sem ter uma reserva financeira. “No primeiro caso, se a pessoa conseguiu separar o dinheiro para os seus objetivos, como a reserva de emergência, aposentadoria, uma viagem, um patrimônio, e ainda sobrou um pouco, não tem problema gastar agora com algo que vá trazer um bem-estar; mas quem teve perda de renda, não conseguiu poupar nada e está querendo comprar algo para aliviar a tensão emocional, gastar com algo supérfluo agora é abrir mão de um plano futuro”.

Por isso é importante aproveitar esse momento de quarentena para definir as prioridades, metas, objetivos e até rever todo o orçamento. A planejadora CFP® Luciana Fernandes diz que é preciso pensar no que foi mudado durante a pandemia, no que foi possível reduzir, mesmo forçosamente, e no que ainda é possível ajustar para ter mais controle das finanças.

“Se eu tenho um objetivo de planejamento financeiro é para eu ser mais feliz, mais saudável e sustentável financeiramente. Com a pandemia estamos tendo muitos estímulos para tomar decisões prejudiciais e o planejamento financeiro acaba sendo nossa segurança, como um guia, nos auxiliando a rever os planos, organizar as contas e tomar decisões mais benéficas quanto ao uso do nosso dinheiro”, conclui.

Fonte e mais informações: Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (www.planejar.org.br).