O chamado live commerce é considerado uma grande promessa para os negócios digitais no Brasil. Para as micro e pequenas empresas, o formato pode ser uma alternativa para vendas online, principalmente para os empreendedores que já possuem presença digital, comercializando produtos ou serviços pelas redes sociais, lojas virtuais ou marketplaces.
De acordo com o analista de Relacionamento do Sebrae, Ivan Tonet, ainda é preciso que as plataformas especializadas em live commerce diversifiquem seu modelo de atuação para possibilitar que os pequenos negócios também explorem esse formato. “Fora do país, já existe um movimento das redes sociais para disponibilizar a live commerce e, em breve, também deve se expandir para o Brasil. A democratização do modelo deve acontecer de uma forma mais intensificada ainda este ano”, adiantou.
Mas enquanto isso, o analista explica que os pequenas negócios podem experimentar a nova tendência, primeiramente avaliando a base de clientes. Outro ponto importante, segundo Tonet, é ter uma estrutura mínima para fazer a live: “Com um bom celular, um tripé e um ring light já é possível experimentar, mas não esqueça de criar um cenário adequado e planejar a transmissão com um roteiro que permita manter a audiência”.
É o caso da microempreendedora individual (MEI), Ana Maria Brum, dona da loja virtual Brum Curvy, de moda plus size em São Paulo. Depois que as vendas de roupas começaram a cair durante a pandemia, ela buscou inovar para atrair as clientes. Foi quando ela procurou a amiga Vanessa Campos, que é jornalista e blogueira, e recebeu incentivo para fazer uma live pelo Instagram. “Às vezes estamos tão bitolados nos problemas que não enxergamos o que acontece ao nosso redor. Com a ajuda da Vanessa, buscamos inspiração nas marcas que já estavam fazendo.
Em um primeiro momento eu fiquei insegura, porque não sabia se o meu público iria aceitar, mas depois eu resolvi arriscar, pois o máximo que poderia acontecer era ficar falando sozinha”, contou. Em dois meses, Ana Maria já realizou quatro lives na rede social e conseguiu vender roupas que estavam paradas no estoque. Grávida de nove meses, não tem sido fácil tocar o negócio sozinha.
Quanto ao formato, a empreendedora explica que não tem muita regra e tudo acontece de forma intuitiva, como se fosse um bate-papo, a partir da interação com as clientes. “Eu separo as peças em uma arara no quarto da minha casa e vou mostrando, seja no cabide, por meio de fotos ou até mesmo visto algumas peças”, contou.
Os pedidos são negociados por meio de pequenos lances de baixo valor, semelhante a um leilão virtual, e por meio de mensagens privadas no Instagram ou pelo Whatsapp, são enviados links para pagamento por boleto ou com o uso do Pix. “Eu fui testando o meu público para perceber melhor quais eram as necessidades deles e fiz uma enquete para saber qual seria o melhor horário. O retorno está sendo bem positivo, algumas clientes não perdem as lives e sempre consomem”, destacou (AI/Sebrae).