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Produção de energia eólica se aproxima do equivalente a uma Itaipu

em Especial
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
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Produção de energia eólica se aproxima do equivalente a uma Itaipu

O crescimento da geração de energia eólica no Brasil está fazendo com que o setor produza uma quantidade de eletricidade semelhante ao de Itaipu, maior usina do Brasil e segunda maior do mundo

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Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a produção energética eólica deve chegar a 11 GW (gigawatt) este ano, perto da capacidade produtiva de 14 GW de Itaipu. O volume de energia da matriz eólica é suficiente para iluminar com folga duas das maiores cidades brasileiras, São Paulo (11,5 milhões de habitantes) e Salvador (2,8 milhões de habitantes). Para sustentar o crescimento, o setor vai demandar investimentos acima de 20 bilhões de reais, estima a associação. Atentos ao desenvolvimento das energias renováveis, mais empresas começam a atuar nesse mercado.

Até 2024, a estimativa é elevar a capacidade instalada de fonte eólica para 24 GW (quase duas Itaipu), de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia do governo. Com sol e ventos abundantes o ano inteiro, o Brasil tem condições favoráveis para liderar a produção mundial de energias renováveis. Esse potencial tem sido mais bem aproveitado na geração de energia eólica, com criação de empregos e maior participação na matriz energética.

Somente este ano, 50 mil empregos devem ser gerados no setor com a expansão operacional, de acordo com a Abeeólica. “Estamos falando de operários a gestores altamente qualificados que serão necessários para sustentar esse crescimento”, avalia Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.

Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) revelam que os investimentos em energias renováveis no Brasil chegaram a sete bilhões de dólares em 2015 (ou quase 28 bilhões de reais, considerando o dólar a 3,9 reais de dezembro). A maior parte dos recursos foi destinada à produção de energia eólica (22 bilhões de reais), que adicionou mais dois GW (gigawatt) à matriz energética.

Outra fonte com grandes perspectivas é a de energia solar, que deve ganhar impulso nos próximos anos com o programa do governo de incentivo ao uso dessa fonte. Buscando incentivar a geração de energia solar fotovoltaica, o governo lançou em dezembro o Programa de Desenvolvimento de Geração de Energia (ProGD), que estimula os consumidores residenciais, comerciais e industriais a gerar a própria energia com base em fontes renováveis.

A meta é contemplar 2,7 milhões de consumidores até 2030, e fomentar R$ 100 bilhões em investimentos no período. Em 2015, os projetos de energia solar receberam cerca de 2,5 bilhões de reais, segundo estatísticas da Pnuma.

energia-eólica temproarioDe olho no potencial das energias renováveis, a usina de Itaipu tem desenvolvido projetos de integração de matrizes energéticas. “O ponto nevrálgico da ampliação da matriz solar é o armazenamento dessa energia. À noite e quando fica nublado, não tem luz”, detalha Jorge Samek, diretor-geral brasileiro de Itaipu. Por isso, a usina desenvolve um projeto para integrar o abastecimento de energia solar com a fonte hidráulica, armazenada em reservatórios.

Quando não houver sol, a água estocada no reservatório pode ser usada para gerar energia elétrica. “Ao contrário de outros países, o Brasil tem a vantagem de poder integrar duas fontes renováveis de energia”, afirma Samek. Outra solução desenvolvida por Itaipu é uma bateria de energia do tamanho de um contêiner, que funciona com diferentes fontes ao mesmo tempo, para uso em localidades remotas. O sistema pode ser carregado por energia solar e acionado quando não houver sol ou em horários de pico de consumo, quando a tarifa é mais cara. A usina de Itaipu ganhou o Prêmio ECO em 2014 com práticas sustentáveis

Para Linda Murasawa, superintendente executiva de desenvolvimento sustentável do Banco Santander, a abundância de recursos naturais e a demanda por crescimento sustentável criam campo para o desenvolvimento de projetos de energias renováveis. “Nos últimos cinco anos, financiamos cerca de 25 bilhões de reais em projetos eólicos que geraram cinco GW (gigawatt) de capacidade instalada”, disse a executiva.

O mercado de energia solar é outro segmento em que o Santander pretende aumentar sua participação. “Vemos boas perspectivas para o Brasil. Temos 60 milhões de residências, e mesmo número de telhados que poderiam usar placas fotovoltaicas para captar energia do sol. Fora as indústrias, hospitais e escolas”, detalha Linda. O Santander venceu dois prêmios ECO em 2015 e 2013. Na ultima edição, o banco foi premiado pelo financiamento de projetos de energia solar para consumidores finais.

A estratégia do Grupo AES, que atua em geração e distribuição hidrelétrica, é diversificar sua produção de energia, para não ficar concentrada em apenas uma matriz energética. “Na AES Tietê, 30% de nosso portfólio será em energias renováveis, especialmente em eólica”, segundo Ítalo Freitas, presidente da AES Tietê. A AES Eletropaulo, uma das empresas do grupo, venceu o Prêmio ECO em 2014 e 2013 com projetos de sustentabilidade na gestão.

As fontes renováveis também geram inclusão social. Na Schneider Electric Brasil, o trabalho social em comunidades remotas só se tornou possível com a criação de produtos baseados em energia solar. “Pelo menos 1,5 milhão de pessoas ainda não tem acesso à energia. Nesses locais, levamos soluções de energia que vão de lanternas recarregáveis por luz solar a geradores movidos à energia solar”, disse Fernando Figueiredo, gerente de sustentabilidade e novos negócios da Schneider Electric Brasil. A Schneider venceu o Prêmio ECO em 2015, 2013 e 2012 com projetos de iluminação em comunidades isoladas.

Para Freitas, as fontes renováveis de energia ocuparão cada vez mais espaço na matriz energética e mudarão a forma de consumo. “No caso da energia solar, a procura vai aumentar quando os custos baixarem. Isso já vem acontecendo com ganhos de escala e eficiência.

Hoje, um painel fotovoltaico tem 17% de aproveitamento, mas chegará a 40% nos próximos vinte anos. Isso vai mudar o cenário energético, trazendo mais autoprodução e geração distribuída. Estaremos preparados para atender a esse novo mercado”, afirma.

Fonte: UDOP/ABEEólica