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Obama termina mandato com boa aprovação e erros, mostram pesquisas

em Especial
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
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Obama termina mandato com boa aprovação e erros, mostram pesquisas

O presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama, termina o mandato com 53% de aprovação, segundo as últimas pesquisas divulgadas pela imprensa norte-americana. Para a opinião pública mundial, ele foi reconhecidamente um dos mais populares presidentes do país, entretanto, manteve uma média de 40% de reprovação. A Agência Brasil pesquisou, ouviu eleitores e elencou cinco temas que mais desagradaram a população com relação à administração Obama:

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Leandra Felipe/Agência Brasil

1. Estado Islâmico e Líbia
Para a maioria dos americanos, Obama não liderou de forma eficaz o esforço mundial para conter o crescimento do Estado Islâmico. Para a opinião pública e a imprensa, o erro do mandatário começou na intervenção militar na Líbia em 2011. O próprio Obama reconheceu, no ano passado, em entrevista à FOX News, que seu pior erro foi não ter acompanhado de maneira efetiva o conflito, após a queda do ditador Muammar kadafi. Depois que Kadafi deixou o poder, a Líbia entrou em colapso, milícias rivais entraram em disputa e isso fortaleceu o Estado Islâmico.

AAA-1 temproarioEm 2015, após o atentado de Paris, de acordo com a pesquisa Gallup, 64% da população do país afirmaram desaprovar a forma como Barack Obama lidou com as ameaças do Estado Islâmico. Para eles, Obama deveria ter respondido de forma mais agressiva, enviando tropas e aumentando a fiscalização interna no país para rastrear potenciais suspeitos. Do mesmo modo, a CNN mostrou que 68% da população disseram que o presidente deveria ter enviado tropas terrestres para combate na Síria.

O consultor Ray Reboulet, que vive em Atlanta, no estado da Geórgia, acredita que Obama não só não combateu o grupo extremista de forma eficaz, como foi inábil em liderar a resolução de conflitos no Oriente Médio. “Obama não conduziu o conflito na Líbia de forma adequada e não liderou a luta contra o Estado Islâmico como deveria”, disse.

2. Acordo com o Irã
Outro tema que deixou os americanos descontentes foi o acordo nuclear com o Irã, em julho de 2015. Uma pesquisa na época indicou que apenas três em cada dez cidadãos dos EUA concordaram com a assinatura do acordo, um dos assuntos mais reconhecidos mundialmente na administração Obama. Os estadounidenses expressaram temor de que o acordo possa fortalecer o Irã e que, no futuro, o país volte a ser uma ameaça aos Estados Unidos.

Obama teve muito trabalho com o Congresso para conseguir os votos necessários para aprovar esse acordo, porque grande parte dos republicanos era contra a suspensão de sanções econômicas ao Irã em troca de controle sobre o seu programa nuclear.

Na época, usuários das redes sociais opinaram que o Irã poderia tentar enganar os EUA e demais países que assinaram o acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia), prosseguindo com maneiras alternativas de projetar uma bomba nuclear, fora da supervisão.

Mais de 20 milhões de norte-americanos previamente sem seguro de saúde ganharam cobertura com o Obamacare3. Obamacare, impostos e economia
Considerado um dos maiores feitos da gestão Obama, o Obamacare – sistema de saúde criado para atender a pessoas de baixa renda, cuja lei foi extinta na semana passada, também é um dos programas mais criticados internamente. A população atribui, em parte, ao programa um aumento de impostos federais para subsidiá-lo. Mas há críticas também entre usuários, que afirmam que apesar de beneficiar 20 milhões de pessoas, o atendimento não é satisfatório.

A brasileira Lourdes Silva, naturalizada norte-americana, usou o Obamacare no início, por três anos, mas desistiu. Segundo ela, a rede de atendimento era limitada e tinha que pagar quase o mesmo valor que alguns planos de saúde. “Saúde nos Estados Unidos é muito cara, mas, na prática, o Obamacare ainda não era universal. As clínicas credenciadas eram poucas e quando eu precisava de algo mais complexo, tinha que buscar fora da cobertura”, comentou.

4. Migrações e deportações
Grupo de deportados aguarda junto a cerca que separa San Diego, nos EUA, e Tijuana, no México.Quando foi eleito para o primeiro mandato, Barack Obama prometeu, em seu famoso discurso da vitória, uma reforma migratória que pudesse resolver a situação de mais de 10 milhões de pessoas que vivem sem documentação no território norte-americano. Mas, nem no primeiro nem no segundo mandato ele conseguiu enviar ao Congresso um projeto de lei de migração.

Nem mesmo no período inicial do primeiro mandato, quando teve maioria no Congresso, uma reforma foi levada adiante. Além disso, ele termina o mandato com mais de 2,8 milhões de deportações, segundo dados oficiais. Cerca de 57% dos deportados tinham antecedentes criminais, o que inclui prisões por crimes como roubo, tráfico de drogas e também infrações de trânsito. Mas, durante seu governo a deportação de imigrantes ilegais que não tinham antecedentes criminais foi recorde: 43%, até setembro do ano passado.

Presidente Barack Obama participa do programa da apresentadora Ellen Degeneres na TV americana.5. Humor excessivo
O carisma, a eloquência e o bom humor de Barack Obama marcaram a passagem pela Casa Branca. Mas, para alguns, a sua participação em programas de auditório foi excessiva. O consultor Reboulet reconhece que isso fez com que ele conquistasse mais popularidade. “Todo mundo gosta dele. Ele tem todo o jeito de cara legal e é o primeiro afro-americano na presidência. O problema é que, em algumas situações, ele exagerava e, para muitos de nós, dizia coisas inapropriadas”.

Durante a campanha presidencial por exemplo, Obama fez uma série de declarações que arrancaram risos de plateias de programas de televisão. Ele chegou a gravar um vídeo sobre a sua própria aposentadoria, que fez sucesso nas redes sociais. Um dos episódios polêmicos ocorreu durante a campanha presidencial, quando Donald Trump havia dito que talvez Obama tivesse sido o pior presidente da história norte-americana. O presidente leu o Twitter em um programa de TV em tom de desdém, arrancou risos e disse que Trump “nunca seria presidente”.