Miriam Rodrigues (*)
Por mais difícil que seja reconhecer este fato, provavelmente não exista um trabalho ideal, pelo menos, não 100%. Mas, convém observarmos que também não existe o marido 100%, a professora 100%, o pai 100%…. e por aí vai. Ainda que nos deparemos com este sonhado 100%, também vale a reflexão de que dificilmente seria o tempo todo. Costumo dizer a meus alunos e alguns amigos que mesmo quando gostamos do nosso trabalho, temos dias difíceis e que se não gostarmos, teremos um desafio hercúleo, com direito a uma carreira minimamente infeliz.
A boa notícia é que, salvo raras exceções, podemos construir uma história feliz para nossa carreira, considerando que muitas das opções que são feitas durante nossa trajetória dependem única e exclusivamente de nós mesmos. Em outras palavras: temos escolhas! É fato que nosso percurso sofre influências (família, sociedade, nossas próprias mudanças), mas é necessário termos um norte.
Além da importância de ter sempre em mente de que fazemos escolhas a todo o tempo, também vale a lembrança do quão é fundamental que estas escolhas estejam alinhadas com nossas paixões, com as coisas que realmente nos movem e o nível de autoconhecimento que temos é um grande balizador para isso. Não é novidade para ninguém – ou quase ninguém – a quantidade de tempo que o trabalho preenche em nossas vidas! Há quem diga que passamos pelo menos um terço de nossa vida adulta trabalhando e, pessoalmente, entendo que para alguns pode ser até mais que isso.
Logo, ser infeliz no trabalho pode trazer consequências graves! Para a empresa, porque a qualidade e o tempo de realização do trabalho poderão ser afetados e para o próprio profissional, que poderá adoecer física e/ou mentalmente e ter não apenas a instância profissional, mas também sua vida pessoal afetadas. Vale, portanto, lembrar o quão importante é o nível de autoconhecimento que temos, de forma que possamos fazer escolhas conscientes e alinhadas com aquilo que nos faz feliz, que nos realiza…. e sempre lembrar que podemos mudar e, se o preço da mudança for considerado alto, é imperativo considerar o preço de não mudar.
(*) – É Superintendente do Centro de Educação a Distância da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora de disciplinas relacionadas à Gestão de Pessoas, Carreiras e Comportamento Organizacional.