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Indústria do hidrogênio pode ser oportunidade ímpar para o Brasil

em Energias Renováveis
sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O Brasil já retira hidrogênio do etanol e isto é extraordinário no mundo

Redação

De um jipinho baja, construído por estudantes de engenharia, a um super pesado da Scania ou da Mercedes, passando por discos de freio a nióbio, visitantes do Congresso SAE Brasil puderam ver de perto o que se tem de tecnologia automotiva disponível. No país que produz etanol, biogás, veículos flex e tantas alternativas para descarbonização, agora é a vez do hidrogênio. Melhor que o combustível em sí, é a possibilidade de extrai-lo do etanol, a um custo 15 vezes menor que a eletrólise (água), como já faz a USP. “O Brasil precisa dominar toda a cadeia produtiva, pois temos tudo para sermos a Arábia Saudita do hidrogênio verde”, diss e Cláudio Sahara, o representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Sob o tema central Desenvolver Competências para o Futuro da Mobilidade Segura, Inteligente e Sustentável no Brasil, abriu ontem (16) o 31º. Congresso SAE Brasil, em São Paulo. Empresas do setor automotivo fixaram estandes no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, marcando presença institucional, ao mesmo tempo em que mostraram produtos e serviços inovadores, como foi o caso da Frasle Mobililty (derivada da Fras-Le, hoje controlada pelo Grupo Rand oncorp).

De acordo com Alexandre Montanholi, o grupo está voltado para cinco áreas: montadoras de automóveis, autopeças, banco próprio, central de tecnologia e Frasle Mobility. A Mobility, especificamente, produz sapatas ferroviárias, disco de freio à base de nióbio (45% mais leve que o tradicional, além de não enferrujar, oferecendo mais segurança e durabilidade), ora exportado, e materiais compósitos (fibras de carbono, entre outras).

O evento ocorreu em quatro auditórios. Os três tradicionais, que apresentam painéis simultâneos, e o quarto, estreando neste ano como destaque especial, para a Indústria do Hidrogênio Verde. E foi para lá que Empresas&Negócios se dirigiu, logo após a abertura geral feita por Gastón Diaz Perez, CEO da Bosch América Latina e presidente do Congresso SAE BRASIL 2024. Ele destacou que existem questões essenciais definindo o futuro da mobilidade, como a transformação digital, a inteligência artifici al e outras inovações tecnológicas. “Nossa meta é compreender como essas tendências moldarão o cenário global e posicionar o Brasil como um líder nesta nova era da mobilidade sustentável”, frisou.

EMBRIÕES
No lado oposto à entrada teve um espaço destinado aos estudantes. Ali podia-se ver um protótipo que lembra o design de um Fórmula 1. É o carro preparado para a Fórmula SAE, que anualmente cria uma competição entre estudantes de engenharia – cujo objetivo é mostrar a força na retomada, e não velocidade em reta, daí as pistas serem cheias de curvas. Murilo Machado falou em nome da equipe estudantil da Universidade de Campinas (Unicamp), mostrando que aquele modelo funcionava a gasolina e etanol (com média de 7,5 km / litro na cidade) e chegava a 151 km de velocidade. Há modelo de propulsão elétrica também, obed ecendo mesmas características de construção.

Próximo deste tinha um baja, chamado “Júpiter” em homenagem ao planeta gasoso cheio de hidrogênio no ar – explicou Josiane Canela, a orgulhosa estudante de IV semestre de engenharia mecânica da Unicamp também. “Desenvolvemos o veículo do zero”, conta, mostrando o motor híbrido (elétrico e a hidrogênio).

Do grupo de associados à Nova Indústria Brasil (NIB) – núcleo colaborativo surgido na pandemia com a produção de ventiladores pulmonares e oficializado em janeiro último –, 40 representantes estavam no evento da SAE Brasil (SAE é uma sociedade de engenheiros automotivos, filial da SAE Internacional que reúne 6 mil integrantes e tem 29 anos de existência), muitos dos quais no Auditório “Indústria do Hidrogênio”. Remotamente de Brasília, pelo telão, Margarete Gandini, do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MIDIC), participou da abertura afirmando compromisso de trabalhar com o NIB para melhorar a competitividade da indústria nacional. A colega Mônica Panik (mentora do SAE) falou da necessidade de o país se capacitar para toda a cadeia produtiva do hidrogênio, inclusos os componentes e não só o combutível.

Para Sahara, que presidente o Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, o Brasil tem condições de ter “todas as rotas para a descarbonização”, sendo único no mundo com esta pluralidade. “O hidrogênio vem muito forte e a mobilidade é apenas uma de suas aplicações”, enfatizou ele, ao concordar com o colega de painel José Velloso, da Associação Brasileira da Ind&uac ute;stria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Claúdio Sahara disse que visitou a USP e viu projeto que retira hidrogênio do etanol ao invés da água (eletrólise).

“Com isso, gasta-se 15 vezes menos energia elétrica”, comemorou, afirmando que só o Brasil tem tal tecnologia. Mais ainda: “Breve teremos o abastecimento on board, ou seja, vc põe etanol e o conversor transforma o que precisa de hidrogênio para a abastecer a célula do próprio veículo, afastando o perigo e o custo do transporte desse insumo”, concluiu.