O investimento em criptoativos pelos brasileiros tem chamado a atenção do Banco Central (BC), que deve discutir o tema nos próximos meses, indicou o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra. Ao participar de evento promovido pelo BTG Pactual, ele destacou que esse fluxo acumulado em criptoativos atingiu cerca de US$ 12 bilhões, tendo crescido no período recente para patamares em torno de US$ 600 a quase US$ 800 milhões, ao mês.
“É um fluxo muito relevante”, afirmou Serra. “É algo que a gente está olhando aqui, acho que vai ser uma discussão importante nos próximos meses”, antecipou. A título de comparação, o investimento por brasileiros em ações norte-americanas é de cerca de US$ 16 bilhões, sendo esta uma “classe de ativos superconsolidada”, disse Serra, ao lembrar que, no caso das ações, o valor considera a marcação a mercado dos ativos.
Se isso for feito para os criptoativos, o número de US$ 12 bilhões “salta algumas vezes”. Serra também ressaltou que o investimento em criptoativos tem crescido substancialmente a despeito do encarecimento do dólar. “Imaginei que depois da depreciação de 35% em 2020, de 2020 para cá, esse fluxo iria diminuir, e na verdade ele não diminuiu, ele aumentou em 2020 um pouquinho e tem se acelerado em 2021 até o mês de julho, reduzindo um pouco o fluxo em agosto e setembro, mas aumentou e tem se acelerado”, pontuou.
Em relação ao investimento em portfólio por estrangeiros no país, o diretor do BC disse que o fluxo está positivo no ano até agosto, revertendo tendência vista desde 2016, quando passaram a ser observadas saídas anuais líquidas. Segundo explicou, fatores como o ajuste dos juros básicos e o ciclo de commodities, que favorece empresas brasileiras listadas em bolsa, podem ter contribuído para esse movimento. “O fato é que, pela primeira vez em muitos anos, a gente voltou a ter gringo aqui”, disse (ABr).