Para 61% dos entrevistados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, vendas pioraram em julho
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 107,5 pontos em julho. Mesmo que ainda na zona do otimismo, foi registrada queda mensal de 1%, descontados os efeitos sazonais, a terceira redução consecutiva. A diminuição do otimismo também ocorreu na comparação anual, com redução de 12,7%. Os indicadores que medem a visão do varejista sobre o momento atual e as expectativas para os próximos seis meses seguem apontando tendência de queda, o que tem reduzido as intenções de investimento e contratação de funcionários. Entre os nove indicadores do Icec, oito tiveram variações negativas no mês e no ano, exceto a percepção sobre o nível dos estoques.
O destaque do mês é a percepção desfavorável sobre a dinâmica das vendas no comércio. Há cinco meses, o índice de condições atuais do comércio mergulhou na zona negativa (abaixo dos 100 pontos) e atingiu, em julho, 68,6 pontos. A maioria dos comerciantes aponta que as vendas no comércio pioraram, 60,6% do total, ou seis em cada dez lojistas consultados. Os segmentos com piores avaliações das vendas são eletroeletrônicos, móveis e decorações, cine-foto-som, materiais de construção e revenda de veículos.
A dúvida sobre o cenário global do varejo, segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, preocupa a Confederação, que revisou de 1,8% para 1,5% a estimativa de alta do volume de vendas este ano. “A retomada do crescimento do endividamento e da inadimplência, o encarecimento do crédito e a dificuldade de acessá-lo impõem limites à capacidade de consumo de itens com maior ticket médio e que exigem prazo para pagamento”, afirma Tadros. Mesmo que os consumidores tenham demonstrado maior intenção de comprar bens duráveis, como mostra a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC, as vendas dos produtos mais dependentes do crédito seguem em queda.
Desânimo no curto prazo para 20% dos lojistas
A economista da CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira, ressalta que, apesar da dinâmica mais favorável da inflação, a permanência dos juros altos tem levado os comerciantes a redefinir as estimativas para as vendas e investimento este ano. O índice de expectativas para o desempenho do comércio caiu 9,6% entre julho de 2022 e 2023, com dois em cada dez comerciantes considerando que as vendas no setor devem piorar, no curto prazo.
“Mesmo que o consumidor de rendas média e baixa esteja mais disposto a consumir e o calendário dos próximos meses traga datas comemorativas como Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, os empresários estão moderando o otimismo”, explica Izis Ferreira. Na passagem de junho para julho, apenas os comerciantes de roupas, calçados e acessórios melhoraram as expectativas para o setor, com alta de 1,8%.
Recorde na queda da confiança dos lojistas de duráveis
A piora nas vendas e nas expectativas dos lojistas de bens duráveis fez o grau de otimismo aprofundar sua queda neste início de semestre. A confiança do varejo de produtos com baixa capacidade de reúso caiu 16% em um ano, maior queda histórica nessa base de comparação (o Icec começou a ser apurado em 2011). Entre os lojistas de roupas e calçados, a redução chegou a 13,1%; e, entre os de alimentos, medicamentos e cosméticos, a queda foi de 7,2%.